05/11/2013

Derrubada do nepotismo na Câmara


"A democracia implica a existência de cidadãos bem informados e de um equilíbrio de poder e contrapoder para evitar abusos autoritários, bem como de meios de comunicação livres, críticos e robustos". ("A Cultura da Mídia", Douglas Kellner)

Em que consiste a democracia? Com a troca de regime político de ditadura para democracia percebe-se nitidamente que vícios do poder instalado outrora resistem a sair e são conservados com atitudes coronelistas, portanto averso a democratizar o que ainda falta.

Na Folha da Região, Caderno Cidades, pág. B-1, 17/5, no primeiro parágrafo encontramos a seguinte declaração: "A democracia prevalece", frase mencionada por Antônio Edwaldo Costa, o Dunga (PSDB), presidente da Câmara dos Vereadores. Como a verdade tende a aparecer, ela apareceu uma semana depois (24/5) mostrando que a democracia não prevaleceu, portanto, vimos a derrubada do projeto de lei antinepotismo da Ong Rede Cidadania.

Se democracia é todo o poder emana do povo e, contudo, consiste em o cidadão ter sua vontade respeitada quando esta é para o bem-estar social e progresso da cidade, então, a quem prevaleceu essa tal democracia. Pode-se deduzir, categoricamente, diante do exposto que para os "nobres edis", todavia, chamar de nobre, salvo raríssimas exceções, é ofender a palavra que com muito esmero se põe a trabalhar enquanto aqueles se põem a esquivar-se de trabalhar pela verdadeira causa que é o progresso de Araçatuba. Quando a assessoria jurídica da Câmara alega "vez que presente o vício de iniciativa torna a propositura inconstitucional" e que "é de competência do Executivo municipal", acaso estariam nos chamando de burros, idiotas ou qualquer coisa do gênero? Se for de competência do Executivo municipal, então, o "juiz" da cidade, Jorge Maluly Neto, precisa ser incomodado (por telefone, nas ruas, no mercado, e-mails etc.), pois não podemos deixá-lo descansar até que a questão antinepotismo esteja definitivamente resolvida como quer a maioria da população araçatubense. (Ver passagem bíblica, Lucas 18: 2-5). Quando se diz que a lei deve partir da esfera federal como querem alguns, pergunta-se, então, por que Bilac e outras cidades não esperaram e aprovaram o antinepotismo. Talvez, por serem pessoas mais autênticas, dinâmicas, competentes e sérias. O que se observa também é a alegação em defesa da tese de que família é de confiança. A de Fernando Collor de Mello não foi. Referem-se a que tipo de confiança? Talvez, seja aquela (espero estar errado), a de esconder maracutaias, escândalos ou qualquer coisas dessas.

A camada da população mais atenta acredita na existência de conchavo, trama, esquema e estratégia entre prefeito, vereadores e assessoria jurídica para a não aprovação do projeto popular, pois a população de longa data os classifica como farinhas do mesmo saco. No entanto, é assustadora a rapidez com que votam projetos que são do seu interesse (vereadores/prefeito), em menos de cinco minutos, isto é fantástico, incrível. Com um desempenho assim, logo tornaremos referência, se não uma potência. Isso lembra, para se fazer uma analogia, a votação do salário mínimo versus o dos deputados. Ansiamos pelo dia em que tiver 20, 30, 50 mil pessoas em frente à Câmara dos Vereadores e/ou Prefeitura protestando contra as canalhices que prejudicam a sociedade. Estas giram em torno de um único interesse mesquinho que acaba por emperrar o desenvolvimento tão sonhado pelos que aqui moram. Onde estavam, a propósito, a maioria dos araçatubenses que não foram a Câmara no dia da votação? Quiçá, fazendo coisa mais importante como assistindo novela e comendo pipoca abraçadinhos em família. A união faz a força. A Ong tem feito a parte que lhe cabe que é a de não ficar queixando em casa. Entretanto, percebe-se que a safadeza do empurra-empurra continua e a democracia (o desejo popular) foi desrespeitada, ferida e assassinada e o povo calou-se diante disso com ares de indiferença e passividade diante dos fatos. Com a palavra o Ministério Público que não interveio nisso. E, por quê?

A sociedade escolhe sua forma de viver, gozar, sofrer e morrer. Temos o poder de inventar e desinventar a Araçatuba que quisermos.

Amarildo Brilhante é professor e pós-graduando em Línguas e Práticas Pedagógicas em Comunicação e Linguagem, Araçatuba/SP.

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