19/10/2015

Agradecimento

Araçatuba, segunda-feira, 19 de outubro de 2015.
Amarildo Clayton Godoi Brilhante

Hoje ao acordar me dei conta de que a vida passa e eu não poderia deixar a vida passar sem deixar meu muito obrigado.
Minha alma apertou-se e não me dei por sossegado até que eu registrasse em palavras minha gratidão.
Pois, quantas não são às vezes que fazemos tudo de modo tão natural que nem lembramos de detalhes, mas hoje me bateu uma imensa vontade de te agradecer e de te escrever formalizando o meu muito obrigado.
Obrigado Deus pelo ar que respiro, pela vida, pela água, pelos pássaros, pelas flores, pela beleza natural das coisas que me alegra e me proporciona grandes momentos de descontração, obrigado por todas as coisas que sou incapaz de detectar que ali está e que foi feito para mim.
E a você minha linda, que possui a beleza e a fragrância das flores:
Obrigado pelos dias que sorrimos juntos,
Obrigado pelos dias que você parou para me ouvir quando ninguém estava disposto a me ouvir,
Obrigado pelos momentos que nos abraçamos,
Obrigado pelos momentos em que a compreensão, o carinho, o amor esteve presente.
Obrigado pelo teu sorriso, o teu abraço e o teu beijo a cada amanhecer,
Obrigado pelas coisas que sem eu ao menos ter percebido, lá estava você fazendo com todo carinho do mundo só para me agradar,
Obrigado por quando muitas vezes estive longe e, você lembrou que eu existo e que sou importante pra você,
Obrigado até mesmo pelas coisas, às vezes pequenas, mas não menos importantes que as outras e que às vezes nem me dei conta do que você faz por mim.
Afinal de contas, o que seria de mim sem você? Obrigado e incansavelmente, mais uma vez, obrigado por você existir.  

Amarildo Brilhante, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade. Araçatuba /SP. Contato: e-mail: amarbrilha@ig.com.br

Copyright © - Araçatuba/SP
Todos os direitos reservados:  Amarildo Clayton Godoi Brilhante 

16/10/2015

Onde estão as borboletas?

Araçatuba, sexta, 16 de outubro de 2015.
Amarildo Clayton Godoi Brilhante

Pus-me a uma observação e reflexão de onde estão as borboletas. Lembro-me daqueles dias, tardes e ao findar da tarde em que eu via e brincava encantado com as borboletas e as noites com os incontáveis vagalumes. Eles estavam em toda parte.                          

Lembro-me de haver um calendário em meus idos tempos para as mudanças das estações do ano. Parecia ser calculado milimetricamente a saída e a entrada da nova estação, porém hoje na prática as estações se confundem. Saí a questionar várias pessoas sobre: onde estão as borboletas? Ficaram perplexas pensando por alguns instantes sem saber a resposta.

Elas por sua vez eram muitas, de variadas matizes. Dos mais variados tipos, com seu balé produziam um fascínio. Ziguezagueando, executando suas acrobacias reúnem-se e com segurança mostram ao público sua perícia de quem realmente sabe o que faz. A cada movimento dão o seu espetáculo abrilhantando o lugar onde estão. São artistas por natureza. São atraentes por essência. Sinônimo de ampla liberdade. Dotadas de uma intensa magia refletida na sua beleza, singeleza e leveza. Encantam com seus voos não só as crianças, mas também os adultos. Lembro-me de que quando criança em Araçatuba, interior de São Paulo, que eu corria alegremente atrás delas na ânsia de pegá-las e muitas vezes não perdi a oportunidade de prendê-las entre meus dedos. Minha mão ficava manchada com aquele pigmento, um pozinho liberado pelas suas asas quando as colocava entre os dedos. Fazia apenas pelo prazer de pegá-las. Era um desejo maluco, de poder, de magia. Queria submetê-las a minha vontade, que elas não fossem embora, mas passado os anos cresci, deixei as coisas de menino de lado e notei: onde estão as borboletas que até ontem estavam aqui? As borboletas que tanto vi e brinquei em minha infância? O que fizeram com elas? Por que elas sumiram? Seus bailes eram fantásticos envolto a multiplicidade de cores... Mataram-nas? Aprisionaram-nas em algum lugar? Perguntas foram surgindo em minha mente, mas a resposta que gostaria de ouvir não vinha. Somente conseguia pensar nas atrocidades que o próprio homem teria praticado. Por que outra razão elas teriam afugentadas senão pelo estrago do próprio homem. Um deles é o de não plantar mais flores. Deixaram de semear a beleza das flores dando assim lugar ao cinza monocromático do cimento e ao preto contido na alma do ser.

Eram a nossa distração. Todavia hoje algumas pessoas quando as veem nem sequer dão atenção a elas, não têm mais tempo para apreciar as coisas simples da vida. Mergulhados na tecnologia, a distração são os celulares, entre os muitos afazeres. A terminologia inovação ganhou força à medida que as pedras se levantavam, entretanto, a artificialidade deste novo não foi suficientemente capaz de me furtar a memória. Os encantos continuam preservados. Um fiel registro. Pois ainda que eu não as veja com meus olhos naturais posso ao menos contemplá-las ao fechar de meus olhos como se estivessem aqui ou nos bosques de minha mente. Ao menos minha alma não deixou que elas se perdessem. Ainda que eu morra as tais não se apartarão de mim, enquanto que outras gerações talvez, restrinjam-se a visualizá-las, pelas fotos ou filmes onde se vê o antigo caçador de borboletas. Será que o homem as colocou cada um em suas caixinhas?

O homem cria seu próprio vale da sombra da morte. Que avance a selva de pedra, mas que coexista-se com o verde. A ação humana e a mudança climática parecem ser fatores que contribuem para o desaparecimento das queridas borboletas. Um sintoma evidente a cada dia que se passa. Todos os seres têm sido atingidos.   São perceptíveis a qualquer ser humano com uma inteligência mediana a alteração de comportamento das borboletas. Ignorar o importantíssimo papel climático é uma estupidez.

Os homens semeiam guerras habitualmente, mas pouco a pouco tem perdido a sensibilidade para as flores. Ele mesmo tem perdido sem que perceba a beleza, a essência interior para práticas simples, mas elas, ah! Elas inevitavelmente perceberam isto. Perceberam que não há mais jardins e quando há você já viu quão feio eles são.

O sumiço delas é um alarme para repensarmos nossas ações para com o ecossistema. Sofre o ecossistema. Tal sumiço representa a profecia do caos trazido pelo homem. Tiveram quiçá que procurar outros lugares, mas a questão é: para onde elas foram?
Há ainda esperança que elas voltem? Talvez quando voltarmos a cultivar os nossos jardins que a tanto estão mortos. Elas nos servem como uma espécie de barômetro a fim de detectar os ataques do homem.  O tal progresso a qualquer custo. A sanha maldita de colocar cimento em tudo. 

Que dor! Não era uma dor física. Silenciosamente invadia a minha alma enquanto eu pensava no sumiço das borboletas. Imaginei, o quanto o homem se comporta como um predador que semeia dor. Os sinais do que é belo transmitido por elas quase não se vê mais e, por quê? Acabaram-se todas as borboletas? Penso que não. Encontram-se em silêncio, escondidas. Triste nos é a ausência delas. Agora pense, se o pôr-do-sol também deixasse de existir?

Os jardins precisam voltar a existir, pois quem sabe assim retornem. E junto com elas a própria exuberância, o glamour. Possuidoras de sensores, elas são importantes polinizadoras de diversas espécies de plantas.
Quero estar em meio a elas, quero-as novamente voando ao nosso redor. Tragam-me também os vagalumes que havia todas as noites nas chácaras e sítios e fazendas por onde andei. Plantemos plantas e flores! Os que as capturaram devolva-nos. E agora como trazê-las de volta? Suspiro... tragam-nas... por favor... Pois, até mesmo elas enfrentam desafios, sendo o maior deles o de continuar existindo.

Amarildo Brilhante, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade. Araçatuba /SP. Contato: e-mail: amarbrilha@ig.com.br

Copyright © - Araçatuba/SP
Todos os direitos reservados:  Amarildo Clayton Godoi Brilhante