25/11/2019

ENTREVISTA – 2019


  Pedro César Alves entrevistando Amarildo Brilhante

Pedro César Alves é professor, escritor e apresentador no programa Caminhos do Conhecimento, rádio 104,9 - Araçatuba/SP

Amarildo Brilhante é escritor, membro da Academia Araçatubense de Letras, palestrante e professor - Araçatuba/SP

ANTES da entrevista propriamente dita, apresente-se aos leitores:

R – Queridos amigos leitores, meu nome é Amarildo Clayton Godoi Brilhante, mas sempre ocupei de identificar-me como Amarildo Brilhante. Sou filho de Durvalina Godoi (falecida aos 54 anos) e Francisco Brilhante Chaves, militar aposentado e advogado. Divorciado, 46 anos, evangélico não praticante, e pai de dois filhos, sendo estes: Thiago Brilhante e Sabrina Brilhante.
Em 10 de junho de 2016 fui eleito por unanimidade para integrar o quadro de pessoas notáveis da Academia Araçatubense de Letras.
Ministro aulas das seguintes disciplinas: Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Ética. Sou voluntário em um projeto em que ministro aulas de Língua Portuguesa voltada para concursos públicos para quem não tem condições financeiras de pagar um cursinho. Atualmente sou professor na Rede Estadual de Ensino. Já lecionei em várias instituições como Colégio Degrau, ETEC de Araçatuba e outras. Tenho artigos de opinião que foram publicados em jornal da cidade de Araçatuba a alguns anos atrás (2001 – 2007). Já ministrei várias palestras em Araçatuba e região sobre temas variados. Apenas para citar alguns temas: Como produzir um artigo de opinião – SARESP; Poema é arte: do escrever ao declamar; Desarmamento e referendo (2005); Carlos Drummond ícone da Literatura; A importância da leitura nos tempos atuais entre outras. Atualmente possuo um livro de poesias publicado que se chama Amor Dom Maior. 

01 – Há quanto tempo começou a escrever as primeiras histórias / ou os primeiros versos?

R – Já na adolescência costumava escrever poesias, mas não tinha o hábito de guardá-las. Comecei a escrever eventualmente. Algumas situações ocorreram em minha vida que me impeliram a produção literária já em idade adulta. Situações quer triste, quer alegre. Em alguns momentos senti a inspiração fluir pela minha alma como se fluísse em minhas sinapses com fluxos intermináveis de impulsos que se transformaram em palavras poéticas.

02 – Quais foram as pessoas que o (a) influenciaram?

R – Não houveram pessoas, mas sim circunstâncias. Diante de alguns romances e circunstâncias da vida real, às vezes malsucedidos, acabei por pegar a caneta e o papel e relatar sentimentos ora vivenciados em um dado momento. Porém, nem todos os poemas foram escritos debaixo desta influência. Alguns, são mera criação literária sem influência vivida por mim naquele dado instante. O que quero dizer aqui é que há criações artísticas no campo literário que elas tomam como ponto de partida o real, algo concretamente vivido pelo escritor, outras não passam de mera ficção, de invenções da mente do autor, portanto, desvinculando-se do real como ponto de partida.
Mas recordo com carinho das oportunidades que tive em declamar meus poemas na Universidade UniSalesiano de Araçatuba quando acadêmico no curso de Direito. Um dos professores que sempre me acolheu ao final de suas aulas concedendo-me a oportunidade para que eu pudesse declamar meus poemas foi o professor de Direito Processual Trabalhista e advogado Arnaldo Eid.

03 – A escola influenciou na produção escrita?  

R – Não. Pois, foi uma decisão de cunho pessoal. Aquela que tomamos quando há um insight (uma ideia repentina, uma decisão de momento). A ideia veio, fui e fiz. Isto lembra a expressão latina: vim, vi e venci. Tomei a iniciativa por que queria ver algo ali, impresso, que tivesse a minha cara, o meu estilo. Quis fazer a documentação, o registro. Algo que mostrasse um trabalho meu, assim como o pintor quando expõe o quadro dele.
É lógico que não posso ser ingrato com a escola. Sem ela, eu nada seria. A escola é fundamento, é base para toda a vida. Minhas bases são fundamentadas pela educação familiar, escola e religião.

04 – Muitos escritores (as) sofrem influências a partir de suas leituras – ou não. E você, como se vê no tocante ao que escreve?

R – Não fui exceção nisso, visto que, meus textos fazem referências a textos e épocas e autores famosos como Oswald de Andrade, Luís Vaz de Camões, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e até o cantor Milton Nascimento entre outros.

05 – Cite alguns livros que tenha lido nos dois últimos anos.

R – Como Resolver Seus Problemas com Decisões Certas, autoria de Thomas Morgan; Resumo de Direito Civil, autoria Maximilianus Cláudio Américo Führer; Quem mexeu no meu queijo, autoria Spencer Johnson; Ética e vergonha na cara, autorias de Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho entre outros títulos.

06 – Tem o costume de participar com seus textos em antologias? Quais?

R – Não tenho, apenas participei até a presente data da coletânea do Grupo Experimental da AAL, chamada Experimentânea 12.

07 – Tem o costume de participar com seus textos em sites / blogs? Quais?

R – Sim, em meu próprio blog:


08 – Sua participação com publicações via Internet, você considera pequena, média ou de grande porte? Por quê?

R – Penso ser insuficiente. A correria, as tribulações da vida nos tomam tempo em demasia e muitas vezes nos encontramos vencidos senão pelo cansaço, pelo desânimo. Embora eu tenha uma ânsia de ser muito mais produtivo literariamente espero que com a chegada da minha aposentadoria eu me dedique às palestras e às contribuições textuais em ampla escala. Lembrando que minha contribuição e aptidão é voltada mais para o  artigo de opinião e poesia do que o gênero literário narrativo. São poucos os trabalhos narrativos.

09 – Participa de algum Grupo Literário?

R – Somente por internet, redes sociais.

10 – Quais os assuntos que mais te chamam a atenção, levando à reflexão e posterior escrita?

R – Questões de natureza política e social me induzem muito a escrever. Tenho aptidão para a escrita de artigos de opinião e poesias. Penso que a cada artigo de opinião escrito eu estou ajudando pessoas a pensar, refletir sobre acontecimentos do dia a dia e a serem menos enganadas pelas falcatruas, mentiras e abusos praticados por pessoas que estão no poder e que locupletam vantagens pessoais. O objetivo é ajudar o próximo a tomar decisões quer sejam no campo da política ou não. A população espera que pessoas que exerçam cargo público respeitem as leis e trabalhem com seriedade, com esmero para melhorar a vida da população. As críticas no campo da política mostram que alguns são como bestas-feras no poder que só querem usar a máquina administrativa para enriquecerem a si mesmos.

11 – Tem mais facilidade em prosear ou versar?

R – Ambos. O campo da dissertação argumentativa recebe destaque. Possuo também um livro de poesia, cujo título é Amor dom Maior. As produções no campo narrativo são pequenos textos que se encontram em meu blogspot.

12 – Você acredita que, no Brasil, possa viver plenamente da arte da escrita?

R – Não, a não ser que a literatura produzida caia no gosto popular. Se as pessoas sentirem na leitura de sua obra um misto de prazer e alegria, curtirem e compartilharem, aí sim é possível. É preciso que o leitor se identifique com a sua obra.  O Brasil ainda é muito pobre em educar para ler, mas isto é um problema arrolado pela sistemática de ensino estabelecida pelo governo, quer seja federal ou estadual. Tornou-se comum uma política de desrespeito, de desvalorização a classe dos professores, principalmente, no Estado de São Paulo, desde a época de Mário Covas e posteriormente José Serra e Geraldo Alckmin. Professores no Brasil são humilhados pelos governantes. Há certos conceitos que precisam ser desmitificados, sendo um deles o de que o Brasil precisa crescer. Não. O Brasil precisa, primeiramente, educar para crescer e não crescer para depois educar. É preciso rever a ordem, os valores e as projeções. Um elemento cabal disto é o estranhamento em sala de aula quando o professor solicita a compra de um livro onde pais aparecem na escola para reclamar, outros reclamam em casa mesmo, além dos próprios alunos. Entretanto, um celular hoje custa (uma média de $ 200,00 a $ 700,00 dólares) mais que um livro e os pais presenteiam seus filhos sem grandes questionamentos. A ótica está distorcida e se ela está distorcida os resultados também serão. Enquanto, a educação e os professores não forem valorizados a altura do que merecem, mais e mais, presídios serão construídos e o Brasil se encontrará imerso por corruptos. “Um povo ignorante será sempre um povo pobre” (grifo: de 3.º mundo), como dizia o jurista e político brasileiro, Rui Barbosa.

13 – Como ‘encara’ as críticas a partir do seu trabalho com Literatura?

R – Não é comum que eu receba críticas nesta área. Recebo mais em outros campos de atuação. Todavia, causa certo estranhamento, uma perplexidade a ausência dela. De duas, uma. Ou meus textos são extremamente ruins e seria, portanto, uma grande perda de tempo ou são muito bons, o que agradaria ao leitor. A crítica é bem-vinda quando fundamentada, dentro de parâmetros que vão impulsionar a melhorias futuras.
Penso que há um tempo muito precioso sendo gasto e um valor destinado por vezes às coisas fúteis. É fato que coexistem duas coisas: as que são apenas interessantes e as que são apenas importantes. O agradável é quando ambas se cruzam. Será que a população não tem demasiadamente focado, valorizado o menos útil em favor do que é mais útil? Há alguns que se especializam em críticas destrutivas, apenas por mero prazer.

14 – O que recomendaria aos leitores do site, e – de forma geral, aos estudantes?

R – Leitura, muita leitura. Um povo afeito a leitura é um povo diferenciado. É bastante pertinente a frase de Erza Pound: “Um povo que cresce habituado à má leitura é um povo que está em vias de perder o pulso de seu país e o de si próprio”.
Qualquer governo de Estado pondera bem mais suas ações quando diante de um povo esclarecido. Hoje existe um grande número de bibliotecas espalhadas pelo país. Além da opção Internet. Em uma pesquisa divulgada recentemente diz que quem cuida do seu cérebro assim como cuida do corpo tem menos probabilidade de desenvolver certas doenças como mal de Alzheimer. A leitura entra aqui como requisito entre outros exercícios de estímulo que se pode fazer cotidianamente para manter viva a memória. É mister uma boa alimentação a alma. Somos ensinados com frequência a cuidar do corpo, mas isso por si não basta. É fundamental desenvolver, estimular o intelecto com boas leituras e boas práticas diárias.  

15 – Escolha um dos seus textos (se houver livros publicados, escolha um ou dois) e comente-o aos leitores convidando-os a conhecer a sua produção.

R – Confusão de Pronomes surge para explicar outros poemas. Por exemplo, o poema Admiração em que os pronomes não seguem a ordem de correlação primeira com primeira, segunda com segunda e terceira com terceira. Se fosse feita alteração quebrar-se-ia a melodia, ao que foi mantido a forma original. O eu lírico é quem enunciou ao seu estilo libertário, não se atendo às formalidades da gramática. Assim posto, pela alma do poeta recorrendo-se, então, a licença poética.



13/11/2019

Jogral - A Alma não tem cor

Amarildo Clayton Godoi Brilhante




E agora José?

E agora Maria?

São muitas Marias...

São muitos Josés ...

São muitas Martas

Martas negras, Martas brancas

Que põem este Brasil a frente

São as Martas que acordam cedo, 
dormem tarde

São os Josés que acordam cedo, dormem tarde

São as Martas, Marias e Josés que carregam nas costas este país

Ali (lá) vai o branco

Ali (lá) vai o negro

Branquinho negão

Negão branquinho

Frutos da miscigenação

Lavai e que cor ficam?

Lavai as almas e que cor ficam?

A alma não tem cor

Escravidão não!

Liberdade sim!



As mucamas hoje não têm cor

São tintas e retintas

Abaixo

Abaixo

Abaixo a ditadura!

Abaixo a ditadura social

Ditadura do preconceito

Diga não ao racismo

A escravidão no Brasil não foi só com o negro

Índios escravizados

Abaixo a força das armas!

Armas de dominação

Abaixo a força da língua

Abaixo a força do preconceito

Preconceito racial que não se estende só aos negros

São árabes, são nordestinos e todos os outros

Frutos da sua intolerância

Cultura negra, cultura branca

Joguemos fora as máscaras do disfarce.

Autor:  Amarildo Brilhante

* O texto possui intertextualidade com a música de Chico César e o poema de Carlos Drummond de Andrade.

https://www.letras.mus.br/chico-cesar/89475/

http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond14.htm
Amarildo Brilhante é escritor, professor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Pedagogia, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade.  
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