O texto abaixo reflete a experiência de uma escrita
coletiva.
Amigos Unifesp – 2021
Lá tinha. Lá no grupo tinha uma tal Luciene. Um
dia calhou dela, muito simpática, prestativa, entregue ao algarvio, deitava-se
em longas prosas. Era a foguete que agitava a todos, tinha a compulsão da maré
em seus rebentos, não em raiva, desprendida a comunicar tudo que lhe vinha à
mente naquele momento. Uma pessoa doce, apoquentava-se com alguns episódios
ocorridos. E quem assim não o é no transcurso da vida. Uma bela quinta-feira
deu início a uma longa conversa, tinha postado uma fotografia de pipocas
brancas estouradas que deliciavam nossos beiços. O meu então nem se fala.
Coincidiu de eu ter feito também pipoca naquela tarde. Uma tarde tranquila,
sinalizava às 16h45. Elísio nosso menino serelepe do grupo atiçou-lhe com uma
pergunta tipo aquelas, objeto direto. - Pipocou por aí, Lu? Disse ele. Havia um
mistério, uma profundidade naquela pergunta. Pipocou poderia significar muitas
coisas como aconteceu alguma coisa... Pipocou do verbo pipocar, um neologismo,
talvez... ou pipocou de fez pipoca por aí tia Lu... a mais provável pensava eu.
Estava meio letárgico naquela tarde, pensativo. Tinha acabado de pôr-me a mesa
para dar início ao paulatino estudo.
Nem bem esfriaram os piruás na bacia, Lu, entre
uma ou outra "palomita" (em espanhol), com o seu modo goiano de ser
respondia que o dia estava no pipoco: apenas a pipoca trazia um pouco de alívio
em meio à seriedade do estudo. Nada na vida é certo! Tudo pode acontecer. De
repente, entre o estouro de um grão de milho, vem de Votuporanga uma sugestão
que, penso, "embramava" tudo, ou "skoliava" aquele convite
para - entre o sal que a língua sentia, o toque da cevada deixaria mais sabor
entre os saberes sobre milho, pipoca ou piruás. Tim-tim!
A
vida é festa! Um brinde! Simone se deixou guiar pelas lembranças de suas
leituras literárias. Seus livros, sua escolaridade e literariedade: fez e
postou a tarefa com muitos dias de antecedência! A cada dia de estudo, que
parece um fardo, um Fardinho de cerveja.
E
a mulher da terra do Pequi, que parecia só pensar no que pipocava, se prestou a
fomentar um discurso bom que, entre grãos de milho, fios de alegria, fez brotar
daquele cérebro inventivo do brilhante Amarildo, essa história! Que entra por
uma porta e sai por outra porta! O que importa? Quem quiser que conte mais um
pouco! Hehehehe
E se entra porta adentro vai logo se assustar.
Tia Lu, é assim, vive a se comunicar. Cá distante nesta terra já nem milho quer
plantar. Desde muito cedo, decidiu só estudar. Faz mil coisas ao mesmo tempo,
vive louca a ladaiar. Pobre padre que perde de longe da ladainha que cá está.
Tia Lu nasceu pra causar. Pipoca aqui, pipoca acolá, Simone ajuda a aliviar, o
peso pesado do tal estudar. Elísio e Brilhante eu nem vou falar, é o bálsamo
dos aflitos que se põe acalentar.
Que menina travessa, danadinha aquela tia Lu,
sabia rimar, rimava muito, poderia até do slam participar. Ela nem se
apercebia, mas era uma verdadeira slammer. Todos rezavam para aquele lado mais
agressivo não aparecer, botava fogo na casa e fazia o padre correr. Ela tinha
muitas letras escondidas ainda a revelar. Era ouro enterrado, flor a
desabrochar em plena primavera. Nem tudo é pedras, dores ou sal, tinha seus
muitos méritos, entre eles o dedilhar em letras, escrever. Dizia Tiquita de
peito cheio, amigo de longa data: Vale
ouro essa mulher! A Vilma correu a dar o ar da graça com seu coraçãozinho,
deixando seus manifestos ofertados em amor. Muito amor, vindo de quem é um verdadeiro
amor. Acenou como que dissesse no calor de quem vai perder o trem: - Oi gente,
tô aqui viu! Amo vocês! Preciso ir. Onde foi com tanta pressa... hum. Era uma
turma diferente, rente no batente!
Uns que riam outros que reclamavam, e a coisa
andava. A voz da Lu, marcava o silêncio
do grupo, falta explicação, tutor, navegação, sei não... logo levantava outras.
Guerreiros. Amarildo, Elísio, Simone, Nilceia... epa, tem gente. Povo
inspirado, não tem Diário de Bordo, com limitações que os seguram. Duzentas
palavras lá, quinhentas, setecentas aqui... sei lá, perdi a conta.
Mas como dizia meu amigo Elísio: O que importa?
Quem quiser que conte mais um pouco! Hehehehe. E lá se foi a findar a nossa
noite, esperançosos pelo novo amanhecer. Naquela noite estávamos realmente
inspirados, e essa história dormitou em nós, pulsava aos poucos numa memória
que jamais íamos esquecer. Assim como dormitavam águas do mar sob o efeito da
calmaria, assim nós sem percebermos, éramos o broto, o resultado de um novo
rebento de escritor. Éramos não só daquele grupo, mas daquela turma o rebento
favorito! E quem quiser que conte mais...
Autores:
Amarildo Clayton Godoi Brilhante – São Paulo
Cecília Honória dos Santos Pereira – Goiás
Elísio Vieira de Faria – São Paulo
Luciene Rodrigues Rroque Meier - Goiás