23/11/2010

Deseducação

 
Quarta-feira - 02/05/2007 - 00h01

A educação tornou-se um problema crônico. É, portanto, símbolo da incompetência de sucessivos governos. E quem quiser corrigir as distorções que se arrolam por décadas certamente enfrentará os efeitos colaterais. E este presidente que aí está é apenas mais um papagaio que fala, fala, fala e resultados nessa área, nada. Tudo é apenas uma farsa. Se melhorar o ensino público do qual os pobres têm acesso alguns se sentirão incomodados. Quer mexer na caixa de abelhas, proíba a elite de ter acesso às universidades públicas. O simples fato de criar o sistema de cotas para negros incomodou a muitos.

O pior é que quando se fala em má educação se tem à tendência de olhar só para os pobres esquivando-se de olhar para os que estão no poder investidos de responsabilidades da qual juraram um dia cumprir com fidelidade. Portanto, quem jura e não cumpre, torna-se mentiroso e está escrito: "os mentirosos não herdarão o reino de Deus."

Lembra-se quando FHC estava no poder e chamou os aposentados de vagabundo e insatisfeito com essa "pérola" disse também que quem não conseguisse produzir ia ser professor. O que ele quis dizer com isso? Será que ele se incluiu? Será que foi uma ironia ou comparação? Teria indiretamente chamado os professores de improdutivos? E o finado Mário Covas? Na época em que os professores fizeram greve, ele xingava e fazia gestos obscenos aos professores demonstrando total desrespeito e falta de educação. E estes só chegam ao poder graças a uma condição básica: saber ler e escrever ensinado por mestres. Parece ser essa a marca do PSDB. José Serra também tem demonstrado más intenções. De novo as traquinagens dos políticos do PSDB (Partido de elite).

Arlindo Chinaglia (PT-SP) é outro que se aproveita do foro privilegiado para falar o quer, mas não quer ouvir o que os outros pensam deles. Ele tem a intenção de processar o comentarista Arnaldo Jabor por tê-los chamado de "canalhas". O interessante é o tamanho da adesão, a união entre os deputados, todavia, o que não se entende é porque razão isso não funciona para coisas que até o iletrado sabe ser necessário fazer. A educação é um exemplo. Será que Jabor no programa de rádio não foi, naquele momento, a boca do povo?

O "desaparecido" apresentador de telejornal Bóris Casoy chamou na época o juiz Nicolau dos Santos Neto de ladrão e, o lau-lau, sentindo-se ofendido quis processá-lo, entretanto, o juiz julgou favorável ao apresentador justificando a decisão da seguinte forma: o que Bóris disse, é o que o povo pensa e queria dizer, todavia, ele se fez a boca do povo na ocasião. Há pessoas deseducadas em todos os escalões, portanto, ainda é comum vermos patrões que assediam moralmente seus funcionários; pessoas que abusam do poder; professor que usa prova como arma, principalmente, quando o tal não vai com a cara do aluno. Provavelmente, estes cheiram cocaína ou possuem insanidade mental ou bebem gasolina. Os que assim se comportam são pobres de espíritos. Depois querem dizer que evoluímos. O que se espera do estudo é que este abra a cabeça da pessoa, porém, o remédio parece, às vezes, tornar-se veneno.

A arrogância, prepotência e soberba é marca característica de alguns mal-educados que se esqueceram ou não aprenderam que o estudo e o poder aquisitivo do qual são detentores deve se prestar ao bem e não ao mal. Essa deseducação vinda de cima é um terror. Ainda mais, quando se vê pessoas com vultosos salários e benefícios se vendendo e fazendo do dinheiro o seu Senhor. Isto vem a provar que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males e o muito estudar é coisa da carne e produz soberba e a soberba precede a ruína".

Agora, novamente, ouve-se o burburinho dos profissionais da educação clamando por aquilo que lhes é justo. São questionamentos (e reivindicação de mudança) como: os salários baixos; a lei (injusta) 30/2005 que cria o SPPREV (São Paulo Previdência); superlotação das salas de aula; falta de infra-estrutura nas escolas; falta de funcionários; crescimento da violência; promoção automática e outras. Se tivéssemos governantes sérios e que valorizassem a educação neste país o pedido dos mestres seriam atendidos de imediato.

Como se vê há mal-educados no poder que não dá para entender como chegam a ocupar determinados cargos e estes, às vezes, são piores que os pobres como dizia, Bertold Brecht (Analfabeto Político): "que os piores ladrões são políticos corruptos e vigaristas".

Amarildo Brilhante é professor e pós-graduando em Línguas e Práticas Pedagógicas em Comunicação e Linguagem, Araçatuba/SP.

Copyright © - Araçatuba/SP
Todos os direitos reservados:  Amarildo Clayton Godoi Brilhante 


20/11/2010

O processo e a atitude



Quarta-feira - 04/04/2007 - 00h01

O processo ou o modo de conhecer pode se dar por duas vias: a transitoriedade ou de forma permanente. Daí, então, podemos dizer que o processo cognitivo caracteriza-se de forma progressiva ou regressiva.


Há formas de se conhecer o que está a nossa volta, sendo este conhecimento de forma teórica, prática ou atípica. Esse contato com o mundo real através da mídia, família, trabalho e relacionamentos em geral pode acrescentar escuridão ou nos levar a clareza acerca de algo.


Existe um provérbio latino que diz: A ignorância é sempre tolerante com a ignorância (ou um asno esfrega outro asno). As pessoas variam-se em nível de conhecimento e uma diferença está na busca, na exploração.


As pessoas da caverna (Mito da Caverna - Platão) viviam num mundo de escuridão, o que podemos chamar de ignorância. Todo processo de transição entre o não conhecer e o passar a conhecer pode exigir às vezes árdua atividade empírica.

Observe que, segundo o jurista Sílvio de Salvo Venosa, "dentro da sociedade o homem atribui valor a tudo o que o circunda. O homem que tem sede dará valor maior à água; o homem que não tem teto dará valor maior à morada; o homem abastado, a quem essas necessidades básicas não afligem, dará valor maior quiçá ao lazer, ao esporte, aos contatos profissionais etc. Ora, tais valores, isoladamente considerados, ainda se apresentam de forma estática; contudo, servem de estímulo para que o homem sedento procure água; para que o homem sem teto procure abrigo; para que o abastado procure algo mais dentro de sua escala de valores". O enfoque de conhecimentos e valores atribuídos a determinadas coisas são mutáveis. O valer só pode ser atribuído a partir do momento que se conhece algo. Se, por exemplo, em escavações alguém encontra uma pedra com antigos escritos da bíblia Sagrada em sua forma original e, todavia, não dá a mínima importância, ela por ignorar, por não conhecer destrói, menospreza etc.


Imagine uma pessoa com vida prisional. Lembre-se, portanto, que para ser prisioneiro de si mesmo não é necessário estar atrás de grades. Há pessoas aparentemente livres e que vivem presas. Normalmente, a pessoa de vida prisional não tem interesse em sair de sua caverna, uma vez que, entrou em contato com sua realidade, vivenciando e permitindo a si de ser escravo da não-busca de novos conhecimentos, novas fronteiras.


Dentro dos Estados brasileiros há realidades e conhecimentos diferenciados. Numa determinada região o pai pode oferecer a filha para um caminhoneiro. O que pode representar um meio de sobrevivência diante da selva que o cerca. Se estudantes de Direito do interior fossem à USP, poderiam sentir-se inferiorizados, porém, se forem a determinadas regiões como norte ou nordeste, talvez, seriam tratados como "reis". Disso resulta saber que as pessoas variam-se em nível de conhecimento, assim como, as cidades, os países. A resposta está na busca e na forma como se buscam novos horizontes. Pais, governos, escolas, professores, ou seja, a comunidade de forma geral precisa buscar respostas eficazes para os novos ou ainda antigos problemas sociais, educacionais, políticos, econômicos etc, que ainda persistem. Assim sendo, poderemos respirar aliviados, e quem sabe veremos o sol brilhar no amanhã.



Amarildo Brilhante é professor e pós-graduando em Línguas e Práticas Pedagógicas em Comunicação e Linguagem, Araçatuba/SP.


Copyright © - Araçatuba/SP
Todos os direitos reservados:  Amarildo Clayton Godoi Brilhante