17/12/2019

HOMENAGEM ÀS PROFESSORAS APOSENTADAS

Amarildo Clayton Godoi Brilhante

Stephen Hawking o famoso físico entendeu a importância de um professor na sua vida e não esqueceu de homenagear, seu professor armênio Dikran Tahta, da escola de St. Albans, Dic incutiu em Stephen o amor pela matemática. Hawking na homenagem disse: "Devo admitir que eu estava longe de ser o melhor aluno, mas com o apoio dele me tornei professor de matemática em Cambridge - uma posição que o próprio Isaac Newton já ocupou." Hoje vocês não receberão a homenagem diretamente de seus alunos, hoje a homenagem vem daqueles que sentem o peso da responsabilidade, que vocês sentiram nestes longos anos, e que a partir de agora estão livres para gozar a vida com ares de liberdade. Foram momentos de muitas alegrias, sorrisos e raivas junto aos alunos, mas também, de aprendizados, momentos de decepções, momentos em que pensaram em parar, mas após uma breve pausa respiraram profundamente, levantaram a cabeça e decidiram continuar a caminhada. Faço aqui apenas um esboço, há muitas coisas a contar.      

Em muitos momentos vocês serviram de inspiração aos seus alunos, ou pela difusão do conhecimento ou pelo amor ou outros meios, fato é que as intersecções ocorreram. À performance apresentada fará com que sejam lembradas, compuseram sem perceber um poema, um poema escrito dia a dia nas mentes de todos. A arte de ensinar é um dom, nem todos a possuem. Quantos trabalhos pedagógicos, quantas reuniões, quantos horas pensando em como salvar aquela criatura das densas trevas da ignorância, quantas horas... O autêntico professor é aquele que tem um sentimento especial e caloroso pelo outro. E disso não temos dúvida, pois estão deixando marcas em nossos corações. Foram choros, abraços e sorrisos. Houve cenas cômicas em que todos riram juntos, houve cenas trágicas em sua estada na escola e em sua caminhada. A vida nem sempre permite encenações. Na edificação da vida souberam lidar perfeitamente com seu papel, em certos momentos tiveram que ser artistas, psicólogos, sexólogos, terapeutas... Construíram seu palco com confiança. Tiveram que aprender a lidar com alunos negligentes entre tantos outros... muitas vezes torceram para que o relógio soasse, que a sexta-feira chegasse e a música tocasse. Teve momentos em que vocês explodiram a plateia com aplausos. Teve momentos que você sorriu para si mesmo, sorriu para o outro, teve momentos em que vocês choravam por dentro, mas não podiam demonstrar, pois as cortinas estavam abertas e o espetáculo não podia parar afinal viver é sentir, doar e receber. Dessa vida nada levamos, senão nossas vivências. Hoje estão recebendo nosso carinho.

Não são só os alunos que dão vida a escola, pois aluno e professor são complementares. Nunca se esqueçam de que ser professor é uma das profissões mais nobres na sociedade. Ser professor vai além de transmitir conhecimento e habilidades e disso temos a certeza de que cumpriram o seu ofício eficientemente. Mais que flores e cartões postais vocês merecem abraços e o nosso reconhecimento, nós tiramos o chapéu para vocês. Se alguém em algum lugar não o fizer reconhecimento, faça-o você mesma.
Aprendemos, querendo ou não, que ser professor é: ter paciência, é apreciar, é saber respeitar as diferenças, é ser o mentor de uma geração mais jovem, é investir parte de si no outro. A vida não acabou para vocês. Olhe para o céu e observe a imensidão, permita que sua mente seja povoada pelo sentimento de gratidão. É hora de celebrar a vida, é hora de se embriagar com uma nova canção. Nada de lamúrias, você vive.

Hoje estamos diante de um evento, a atmosfera que nos cobre é a atmosfera de aplauso dos anjos celestiais. Foram muitos anos de trabalho, são muitos os seus méritos. A aposentadoria não é o fim, é o começo de uma nova caminhada, novas vivências. Nós, equipe gestora, professores e funcionários parabenizamos vocês. Vocês são pessoas muito especiais, pessoas maravilhosas que souberam encantar, por isso hoje celebrem a vida, celebrem a liberdade, celebrem novos ares.  


Amarildo Brilhante, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Pedagogia, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade.  

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25/11/2019

ENTREVISTA – 2019


  Pedro César Alves entrevistando Amarildo Brilhante

Pedro César Alves é professor, escritor e apresentador no programa Caminhos do Conhecimento, rádio 104,9 - Araçatuba/SP

Amarildo Brilhante é escritor, membro da Academia Araçatubense de Letras, palestrante e professor - Araçatuba/SP

ANTES da entrevista propriamente dita, apresente-se aos leitores:

R – Queridos amigos leitores, meu nome é Amarildo Clayton Godoi Brilhante, mas sempre ocupei de identificar-me como Amarildo Brilhante. Sou filho de Durvalina Godoi (falecida aos 54 anos) e Francisco Brilhante Chaves, militar aposentado e advogado. Divorciado, 46 anos, evangélico não praticante, e pai de dois filhos, sendo estes: Thiago Brilhante e Sabrina Brilhante.
Em 10 de junho de 2016 fui eleito por unanimidade para integrar o quadro de pessoas notáveis da Academia Araçatubense de Letras.
Ministro aulas das seguintes disciplinas: Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Ética. Sou voluntário em um projeto em que ministro aulas de Língua Portuguesa voltada para concursos públicos para quem não tem condições financeiras de pagar um cursinho. Atualmente sou professor na Rede Estadual de Ensino. Já lecionei em várias instituições como Colégio Degrau, ETEC de Araçatuba e outras. Tenho artigos de opinião que foram publicados em jornal da cidade de Araçatuba a alguns anos atrás (2001 – 2007). Já ministrei várias palestras em Araçatuba e região sobre temas variados. Apenas para citar alguns temas: Como produzir um artigo de opinião – SARESP; Poema é arte: do escrever ao declamar; Desarmamento e referendo (2005); Carlos Drummond ícone da Literatura; A importância da leitura nos tempos atuais entre outras. Atualmente possuo um livro de poesias publicado que se chama Amor Dom Maior. 

01 – Há quanto tempo começou a escrever as primeiras histórias / ou os primeiros versos?

R – Já na adolescência costumava escrever poesias, mas não tinha o hábito de guardá-las. Comecei a escrever eventualmente. Algumas situações ocorreram em minha vida que me impeliram a produção literária já em idade adulta. Situações quer triste, quer alegre. Em alguns momentos senti a inspiração fluir pela minha alma como se fluísse em minhas sinapses com fluxos intermináveis de impulsos que se transformaram em palavras poéticas.

02 – Quais foram as pessoas que o (a) influenciaram?

R – Não houveram pessoas, mas sim circunstâncias. Diante de alguns romances e circunstâncias da vida real, às vezes malsucedidos, acabei por pegar a caneta e o papel e relatar sentimentos ora vivenciados em um dado momento. Porém, nem todos os poemas foram escritos debaixo desta influência. Alguns, são mera criação literária sem influência vivida por mim naquele dado instante. O que quero dizer aqui é que há criações artísticas no campo literário que elas tomam como ponto de partida o real, algo concretamente vivido pelo escritor, outras não passam de mera ficção, de invenções da mente do autor, portanto, desvinculando-se do real como ponto de partida.
Mas recordo com carinho das oportunidades que tive em declamar meus poemas na Universidade UniSalesiano de Araçatuba quando acadêmico no curso de Direito. Um dos professores que sempre me acolheu ao final de suas aulas concedendo-me a oportunidade para que eu pudesse declamar meus poemas foi o professor de Direito Processual Trabalhista e advogado Arnaldo Eid.

03 – A escola influenciou na produção escrita?  

R – Não. Pois, foi uma decisão de cunho pessoal. Aquela que tomamos quando há um insight (uma ideia repentina, uma decisão de momento). A ideia veio, fui e fiz. Isto lembra a expressão latina: vim, vi e venci. Tomei a iniciativa por que queria ver algo ali, impresso, que tivesse a minha cara, o meu estilo. Quis fazer a documentação, o registro. Algo que mostrasse um trabalho meu, assim como o pintor quando expõe o quadro dele.
É lógico que não posso ser ingrato com a escola. Sem ela, eu nada seria. A escola é fundamento, é base para toda a vida. Minhas bases são fundamentadas pela educação familiar, escola e religião.

04 – Muitos escritores (as) sofrem influências a partir de suas leituras – ou não. E você, como se vê no tocante ao que escreve?

R – Não fui exceção nisso, visto que, meus textos fazem referências a textos e épocas e autores famosos como Oswald de Andrade, Luís Vaz de Camões, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e até o cantor Milton Nascimento entre outros.

05 – Cite alguns livros que tenha lido nos dois últimos anos.

R – Como Resolver Seus Problemas com Decisões Certas, autoria de Thomas Morgan; Resumo de Direito Civil, autoria Maximilianus Cláudio Américo Führer; Quem mexeu no meu queijo, autoria Spencer Johnson; Ética e vergonha na cara, autorias de Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho entre outros títulos.

06 – Tem o costume de participar com seus textos em antologias? Quais?

R – Não tenho, apenas participei até a presente data da coletânea do Grupo Experimental da AAL, chamada Experimentânea 12.

07 – Tem o costume de participar com seus textos em sites / blogs? Quais?

R – Sim, em meu próprio blog:


08 – Sua participação com publicações via Internet, você considera pequena, média ou de grande porte? Por quê?

R – Penso ser insuficiente. A correria, as tribulações da vida nos tomam tempo em demasia e muitas vezes nos encontramos vencidos senão pelo cansaço, pelo desânimo. Embora eu tenha uma ânsia de ser muito mais produtivo literariamente espero que com a chegada da minha aposentadoria eu me dedique às palestras e às contribuições textuais em ampla escala. Lembrando que minha contribuição e aptidão é voltada mais para o  artigo de opinião e poesia do que o gênero literário narrativo. São poucos os trabalhos narrativos.

09 – Participa de algum Grupo Literário?

R – Somente por internet, redes sociais.

10 – Quais os assuntos que mais te chamam a atenção, levando à reflexão e posterior escrita?

R – Questões de natureza política e social me induzem muito a escrever. Tenho aptidão para a escrita de artigos de opinião e poesias. Penso que a cada artigo de opinião escrito eu estou ajudando pessoas a pensar, refletir sobre acontecimentos do dia a dia e a serem menos enganadas pelas falcatruas, mentiras e abusos praticados por pessoas que estão no poder e que locupletam vantagens pessoais. O objetivo é ajudar o próximo a tomar decisões quer sejam no campo da política ou não. A população espera que pessoas que exerçam cargo público respeitem as leis e trabalhem com seriedade, com esmero para melhorar a vida da população. As críticas no campo da política mostram que alguns são como bestas-feras no poder que só querem usar a máquina administrativa para enriquecerem a si mesmos.

11 – Tem mais facilidade em prosear ou versar?

R – Ambos. O campo da dissertação argumentativa recebe destaque. Possuo também um livro de poesia, cujo título é Amor dom Maior. As produções no campo narrativo são pequenos textos que se encontram em meu blogspot.

12 – Você acredita que, no Brasil, possa viver plenamente da arte da escrita?

R – Não, a não ser que a literatura produzida caia no gosto popular. Se as pessoas sentirem na leitura de sua obra um misto de prazer e alegria, curtirem e compartilharem, aí sim é possível. É preciso que o leitor se identifique com a sua obra.  O Brasil ainda é muito pobre em educar para ler, mas isto é um problema arrolado pela sistemática de ensino estabelecida pelo governo, quer seja federal ou estadual. Tornou-se comum uma política de desrespeito, de desvalorização a classe dos professores, principalmente, no Estado de São Paulo, desde a época de Mário Covas e posteriormente José Serra e Geraldo Alckmin. Professores no Brasil são humilhados pelos governantes. Há certos conceitos que precisam ser desmitificados, sendo um deles o de que o Brasil precisa crescer. Não. O Brasil precisa, primeiramente, educar para crescer e não crescer para depois educar. É preciso rever a ordem, os valores e as projeções. Um elemento cabal disto é o estranhamento em sala de aula quando o professor solicita a compra de um livro onde pais aparecem na escola para reclamar, outros reclamam em casa mesmo, além dos próprios alunos. Entretanto, um celular hoje custa (uma média de $ 200,00 a $ 700,00 dólares) mais que um livro e os pais presenteiam seus filhos sem grandes questionamentos. A ótica está distorcida e se ela está distorcida os resultados também serão. Enquanto, a educação e os professores não forem valorizados a altura do que merecem, mais e mais, presídios serão construídos e o Brasil se encontrará imerso por corruptos. “Um povo ignorante será sempre um povo pobre” (grifo: de 3.º mundo), como dizia o jurista e político brasileiro, Rui Barbosa.

13 – Como ‘encara’ as críticas a partir do seu trabalho com Literatura?

R – Não é comum que eu receba críticas nesta área. Recebo mais em outros campos de atuação. Todavia, causa certo estranhamento, uma perplexidade a ausência dela. De duas, uma. Ou meus textos são extremamente ruins e seria, portanto, uma grande perda de tempo ou são muito bons, o que agradaria ao leitor. A crítica é bem-vinda quando fundamentada, dentro de parâmetros que vão impulsionar a melhorias futuras.
Penso que há um tempo muito precioso sendo gasto e um valor destinado por vezes às coisas fúteis. É fato que coexistem duas coisas: as que são apenas interessantes e as que são apenas importantes. O agradável é quando ambas se cruzam. Será que a população não tem demasiadamente focado, valorizado o menos útil em favor do que é mais útil? Há alguns que se especializam em críticas destrutivas, apenas por mero prazer.

14 – O que recomendaria aos leitores do site, e – de forma geral, aos estudantes?

R – Leitura, muita leitura. Um povo afeito a leitura é um povo diferenciado. É bastante pertinente a frase de Erza Pound: “Um povo que cresce habituado à má leitura é um povo que está em vias de perder o pulso de seu país e o de si próprio”.
Qualquer governo de Estado pondera bem mais suas ações quando diante de um povo esclarecido. Hoje existe um grande número de bibliotecas espalhadas pelo país. Além da opção Internet. Em uma pesquisa divulgada recentemente diz que quem cuida do seu cérebro assim como cuida do corpo tem menos probabilidade de desenvolver certas doenças como mal de Alzheimer. A leitura entra aqui como requisito entre outros exercícios de estímulo que se pode fazer cotidianamente para manter viva a memória. É mister uma boa alimentação a alma. Somos ensinados com frequência a cuidar do corpo, mas isso por si não basta. É fundamental desenvolver, estimular o intelecto com boas leituras e boas práticas diárias.  

15 – Escolha um dos seus textos (se houver livros publicados, escolha um ou dois) e comente-o aos leitores convidando-os a conhecer a sua produção.

R – Confusão de Pronomes surge para explicar outros poemas. Por exemplo, o poema Admiração em que os pronomes não seguem a ordem de correlação primeira com primeira, segunda com segunda e terceira com terceira. Se fosse feita alteração quebrar-se-ia a melodia, ao que foi mantido a forma original. O eu lírico é quem enunciou ao seu estilo libertário, não se atendo às formalidades da gramática. Assim posto, pela alma do poeta recorrendo-se, então, a licença poética.



13/11/2019

Jogral - A Alma não tem cor

Amarildo Clayton Godoi Brilhante




E agora José?

E agora Maria?

São muitas Marias...

São muitos Josés ...

São muitas Martas

Martas negras, Martas brancas

Que põem este Brasil a frente

São as Martas que acordam cedo, 
dormem tarde

São os Josés que acordam cedo, dormem tarde

São as Martas, Marias e Josés que carregam nas costas este país

Ali (lá) vai o branco

Ali (lá) vai o negro

Branquinho negão

Negão branquinho

Frutos da miscigenação

Lavai e que cor ficam?

Lavai as almas e que cor ficam?

A alma não tem cor

Escravidão não!

Liberdade sim!



As mucamas hoje não têm cor

São tintas e retintas

Abaixo

Abaixo

Abaixo a ditadura!

Abaixo a ditadura social

Ditadura do preconceito

Diga não ao racismo

A escravidão no Brasil não foi só com o negro

Índios escravizados

Abaixo a força das armas!

Armas de dominação

Abaixo a força da língua

Abaixo a força do preconceito

Preconceito racial que não se estende só aos negros

São árabes, são nordestinos e todos os outros

Frutos da sua intolerância

Cultura negra, cultura branca

Joguemos fora as máscaras do disfarce.

Autor:  Amarildo Brilhante

* O texto possui intertextualidade com a música de Chico César e o poema de Carlos Drummond de Andrade.

https://www.letras.mus.br/chico-cesar/89475/

http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond14.htm
Amarildo Brilhante é escritor, professor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Pedagogia, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade.  
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09/09/2019

Brasil Gigante de Sonho Eterno


Amarildo Brilhante
Apenas um grito
Por dias, meses e anos contido
Em 1822, imortalizou-se
A nossa independência
e o tremular da bandeira nacional
pode mostrar as suas cores
ainda porvir

Grito este rabiscado em palavras por Evaristo Veiga
Hoje sete de setembro
Que repensemos o nosso papel
Que repensemos o que somos
Que repensemos o querer ser
Temos tudo para sermos
A maior nação de todas

As margens do Ipiranga
celebramos a emancipação
Cordão e grilhões romperam-se

Desfiles e cantos relembram hoje
Os teus feitos
Deitemos em seu peito a esperança
Ó gigante Brasil!

E, assim foi feito
Independência declarada
História, consciência patriótica
perpassam o simbolismo
Nos faz pensar e repensar
Repensar nosso papel de ser cidadão
Em prol do bem-estar desta nação
Hoje sete de setembro
Relembremos
Brasil e seus conflitos
Fizeram o que fizeram
Nos conduziram as margens plácidas do Ipiranga
A esperança de dias melhores
E foi a esperança de dias melhores
que nos moveu as margens.

Um povo brasileiro,
 guerreiro que não sucumbe à luta

Brasil de etnias, nativos indígenas, negros e índios escravizados
Brasil colônia de exploração
extração do ouro,
do pau-brasil,
Pouco a pouco foi se consagrando Brasil
Somos um Brasil que pulsa,
Um Brasil que respira.
Gigante Brasil, tu és forte,
és belo, és impávido colosso,
Gigante Brasil sob tuas asas
 esplendor e grandeza
Campos, matas, céu azul, rios
Riquezas e glórias possui

Colonizado e explorado
Tu fizeste dono de si mesmo
Celebramos hoje a tua independência
Nascestes pois o senhor Brasil
Hoje cantamos os teus feitos
Tu és belo impávido colosso.

Brasil que deixaste de ser
 um gigante adormecido
Pouco a pouco construindo-se
Reinventando-se
Teu próprio povo, tua terra, tua língua
Brasil cobiçado pela sua natureza

Embora o sabiá daqui já não cante mais como o de lá
E minha terra hoje quase não tem palmeiras
Esforcemo-nos para que
o nosso estandarte esteja sempre de pé.

Tu és um Brasil que pulsa
Um Brasil que respira
 um Brasil forte em esplendor, em grandeza
Tu és belo impávido colosso.
Tu és, o gigante Brasil!

Amarildo Brilhante, é  escritor,  palestrante e professor. Formado em Direito, Letras, Pedagogia, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade.  

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20/03/2019

O Pão Roído

            Amarildo Brilhante
Estranhamente, por volta das sete horas da manhã, ao acordar algo acontecera. Não se sabe ao certo se à noite ou ao findar. Acordou, dirigiu-se até a cozinha como de costume. Logo que cruzou o banheiro avistou no chão um saco branco, uma sacolinha destas comuns de supermercado. Estava ali caída. Com ar de espanto, parou e pensou por alguns segundos. E chegara, neste instante, a formular algumas hipóteses. Teria sido algum pássaro? Teria sido o cachorro, pois seu irmão saíra antes dele, cedinho e a porta ficou aberta. Teria sido algum rato, pois àqueles dias estavam chuvosos e os ratos uma vez incomodados migravam de lugar. E o lugar escolhido seria o quarto do irmão, afinal, aquilo não era um quarto digno. Um verdadeiro lixo de amontoados. Tantas inutilidades num só lugar. Faxina nem pensar. Havia pó por todos os lugares, roupas caídas. A cena era de caos, lembrava o pós-guerra. Ele sofrera de uma patologia: acumulador de lixo. Mas será que de fato seria doença ou uma maldição, visto que, haviam outros na família que passaram pelo mesmo processo de se sentirem confortáveis em meio ao lixo. A questão é, ali era um antro de ratos.  Esconderijo e criadouro, proliferavam-se. Mas, não. Não poderia ser ou poderia ser. Visto que o irmão mais velho era o oposto, totalmente. Acautelava-se de colocar veneno por toda a casa, nos cantos. A vitamina venenosa, àquela altura, já teria percorrido os corpos imundos, nojentos. Ratos de esgoto, credo! Criatura asquerosa, tinha nojo. Teriam descido a sepultura ratidiana, mansão dos ratos.
Avançou mais três passos, abaixou-se e apanhou a sacolinha do chão. Era o saco de pães. Intrigado, pensativo, exclamou em alta voz: Cachorro ordinário, cretino! Foi até a vasilha de comida e viu que estava vazia. Mas de onde viera tanta fome se antes de dormir a vasilha estava cheia? Teria ele roído os pães? Parecia roído de rato! Naquele dia jogou o saco inteiro de pães no lixo. Não iria comer aquilo, é claro! Fez todo o preparativo matinal e saiu para o trabalho.
Após um longo e cansativo dia de trabalho, ao retornar para sua casa, parou em uma padaria e comprou outro saco de pães. Novamente, chegando em casa colocou o saco de pães sobre a mesa. Assim ficou naquela outra noite os pães sobre a mesa. Quando no outro dia acordou e dirigiu-se a cozinha; adivinha o que aconteceu? A mesma surpresa, o saco de pão estava roído, só que desta vez, roído sobre a beirada da mesa. Esbravejado soltou alguns impropérios. Filho da ... Eu não acredito! Outra vez! Saiu olhando pelos cantos a ver o veneno se os roedores de plantão o haviam comido. Viu que nada mudara. Quem será que estaria por trás de tudo aquilo. Qual bicho asqueroso estaria fazendo aquilo? Perguntou ao irmão, aquele que fez aos ratos abrigo.
_ Por acaso você tem ideia de quem está por trás disso? Ele disse nada saber, aliás nada saber já era algo que fazia parte da sua vida. Não sabia o dia em que passavam os lixeiros na rua. Tudo que era objeto de questionamento dizia: - “Não sei.” Um morto vivo! Mais um dia de preocupação. O que estaria acontecendo. Será que seria oportuno, pensou, em colocar câmeras de vigilância dentro da casa. Gastar um dinheirão com aquilo, seria por demais. Concluiu, melhor não. Pensou, então. Amanhã, acordarei antes do sol nascer e ficarei à espreita. Deixarei a porta aberta. Dessa vez eu pego quem está acabando com os meus pães.
Ao sair trancou a porta e naquele dia ficou pensativo, é amanhã, é amanhã... Corriqueiramente, passou na padaria e levou para casa outro saco de pão, pois também havia jogado o outro fora.
Fora dormir e como havia planejado acordou mais cedo aquele dia, pois daquele dia não poderia passar, haveria de descobrir que era o roedor dos pães. Passou pela cozinha e o pão estava intacto. Abriu a porta e se pôs em um canto enrolado em um lençol, onde pudesse passar despercebido. Ficou ali, à espreita, esperando. A hora foi avançando e ele à espreita esperando. O clarão do dia começou a dar as suas caras e ele ali esperando, esperando, esperando e nada... O despertador do celular tocou, tocou e tocou. O dia raiou e ele ficou mais um dia sem saber; quem roeu o meu pão?
Infelizmente, na vida é assim. Há sempre quem nos prejudica em algum momento ocultamente e tentamos, tentamos e tentamos e acabamos não descobrindo quem nos fizera mal. Apenas sentimos os efeitos, na esperança que a lei do retorno chegue com brevidade, a quem um dia nos fez tanto mal.

Amarildo Brilhante, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade.  

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