Pedro César Alves entrevistando Amarildo Brilhante
Pedro César Alves é professor, escritor
e apresentador no programa Caminhos do Conhecimento, rádio 104,9 - Araçatuba/SP
Amarildo Brilhante é escritor,
membro da Academia Araçatubense de Letras, palestrante e professor - Araçatuba/SP
ANTES
da entrevista propriamente dita, apresente-se aos leitores:
R –
Queridos amigos leitores, meu nome é Amarildo Clayton Godoi Brilhante, mas
sempre ocupei de identificar-me como Amarildo Brilhante. Sou filho de Durvalina
Godoi (falecida aos 54 anos) e Francisco Brilhante Chaves, militar aposentado e
advogado. Divorciado, 46 anos, evangélico não praticante, e pai de dois filhos,
sendo estes: Thiago Brilhante e Sabrina Brilhante.
Em
10 de junho de 2016 fui eleito por unanimidade para integrar o quadro de
pessoas notáveis da Academia Araçatubense de Letras.
Ministro
aulas das seguintes disciplinas: Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Ética. Sou
voluntário em um projeto em que ministro aulas de Língua Portuguesa voltada
para concursos públicos para quem não tem condições financeiras de pagar um
cursinho. Atualmente sou professor na Rede Estadual de Ensino. Já lecionei em
várias instituições como Colégio Degrau, ETEC de Araçatuba e outras. Tenho
artigos de opinião que foram publicados em jornal da cidade de Araçatuba a
alguns anos atrás (2001 – 2007). Já ministrei várias palestras em Araçatuba e
região sobre temas variados. Apenas para citar alguns temas: Como produzir um
artigo de opinião – SARESP; Poema é arte: do escrever ao declamar; Desarmamento
e referendo (2005); Carlos Drummond ícone da Literatura; A importância da
leitura nos tempos atuais entre outras. Atualmente possuo um livro de poesias
publicado que se chama Amor Dom Maior.
01
– Há quanto tempo começou a escrever as primeiras histórias / ou os primeiros
versos?
R – Já na adolescência costumava escrever poesias, mas não tinha
o hábito de guardá-las. Comecei a escrever eventualmente. Algumas situações
ocorreram em minha vida que me impeliram a produção literária já em idade
adulta. Situações quer triste, quer alegre. Em alguns momentos senti a
inspiração fluir pela minha alma como se fluísse em minhas sinapses com fluxos
intermináveis de impulsos que se transformaram em palavras poéticas.
02
– Quais foram as pessoas que o (a) influenciaram?
R –
Não houveram pessoas, mas sim circunstâncias. Diante de alguns romances e
circunstâncias da vida real, às vezes malsucedidos, acabei por pegar a caneta e
o papel e relatar sentimentos ora vivenciados em um dado momento. Porém, nem
todos os poemas foram escritos debaixo desta influência. Alguns, são mera
criação literária sem influência vivida por mim naquele dado instante. O que
quero dizer aqui é que há criações artísticas no campo literário que elas tomam
como ponto de partida o real, algo concretamente vivido pelo escritor, outras
não passam de mera ficção, de invenções da mente do autor, portanto,
desvinculando-se do real como ponto de partida.
Mas
recordo com carinho das oportunidades que tive em declamar meus poemas na
Universidade UniSalesiano de Araçatuba quando acadêmico no curso de Direito. Um
dos professores que sempre me acolheu ao final de suas aulas concedendo-me a
oportunidade para que eu pudesse declamar meus poemas foi o professor de
Direito Processual Trabalhista e advogado Arnaldo Eid.
03
– A escola influenciou na produção escrita?
R –
Não. Pois, foi uma decisão de cunho pessoal. Aquela que tomamos quando há um insight (uma ideia repentina, uma
decisão de momento). A ideia veio, fui e fiz. Isto lembra a expressão latina:
vim, vi e venci. Tomei a iniciativa por que queria ver algo ali, impresso, que
tivesse a minha cara, o meu estilo. Quis fazer a documentação, o registro. Algo
que mostrasse um trabalho meu, assim como o pintor quando expõe o quadro dele.
É
lógico que não posso ser ingrato com a escola. Sem ela, eu nada seria. A escola
é fundamento, é base para toda a vida. Minhas bases são fundamentadas pela
educação familiar, escola e religião.
04
– Muitos escritores (as) sofrem influências a partir de suas leituras – ou não.
E você, como se vê no tocante ao que escreve?
R –
Não fui exceção nisso, visto que, meus textos fazem referências a textos e
épocas e autores famosos como Oswald de Andrade, Luís Vaz de Camões, Carlos
Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Mário de Andrade e até o
cantor Milton Nascimento entre outros.
05
– Cite alguns livros que tenha lido nos dois últimos anos.
R –
Como Resolver Seus Problemas com Decisões Certas, autoria de Thomas Morgan;
Resumo de Direito Civil, autoria Maximilianus Cláudio Américo Führer; Quem
mexeu no meu queijo, autoria Spencer Johnson; Ética e vergonha na cara,
autorias de Mário Sérgio Cortella e Clóvis de Barros Filho entre outros
títulos.
06
– Tem o costume de participar com seus textos em antologias? Quais?
R –
Não tenho, apenas participei até a presente data da coletânea do Grupo
Experimental da AAL, chamada Experimentânea 12.
07 –
Tem o costume de participar com seus textos em sites / blogs? Quais?
R –
Sim, em meu próprio blog:
08
– Sua participação com publicações via Internet, você considera pequena, média
ou de grande porte? Por quê?
R –
Penso ser insuficiente. A correria, as tribulações da vida nos tomam tempo em
demasia e muitas vezes nos encontramos vencidos senão pelo cansaço, pelo
desânimo. Embora eu tenha uma ânsia de ser muito mais produtivo literariamente
espero que com a chegada da minha aposentadoria eu me dedique às palestras e às
contribuições textuais em ampla escala. Lembrando que minha contribuição e
aptidão é voltada mais para o artigo de
opinião e poesia do que o gênero literário narrativo. São poucos os trabalhos
narrativos.
09
– Participa de algum Grupo Literário?
R –
Somente por internet, redes sociais.
10
– Quais os assuntos que mais te chamam a atenção, levando à reflexão e
posterior escrita?
R –
Questões de natureza política e social me induzem muito a escrever. Tenho
aptidão para a escrita de artigos de opinião e poesias. Penso que a cada artigo
de opinião escrito eu estou ajudando pessoas a pensar, refletir sobre
acontecimentos do dia a dia e a serem menos enganadas pelas falcatruas,
mentiras e abusos praticados por pessoas que estão no poder e que locupletam
vantagens pessoais. O objetivo é ajudar o próximo a tomar decisões quer sejam
no campo da política ou não. A população espera que pessoas que exerçam cargo
público respeitem as leis e trabalhem com seriedade, com esmero para melhorar a
vida da população. As críticas no campo da política mostram que alguns são como
bestas-feras no poder que só querem usar a máquina administrativa para
enriquecerem a si mesmos.
11
– Tem mais facilidade em prosear ou versar?
R –
Ambos. O campo da dissertação argumentativa recebe destaque. Possuo também um
livro de poesia, cujo título é Amor dom Maior. As produções no campo narrativo
são pequenos textos que se encontram em meu blogspot.
12
– Você acredita que, no Brasil, possa viver plenamente da arte da escrita?
R –
Não, a não ser que a literatura produzida caia no gosto popular. Se as pessoas
sentirem na leitura de sua obra um misto de prazer e alegria, curtirem e
compartilharem, aí sim é possível. É preciso que o leitor se identifique com a
sua obra. O Brasil ainda é muito pobre
em educar para ler, mas isto é um problema arrolado pela sistemática de ensino
estabelecida pelo governo, quer seja federal ou estadual. Tornou-se comum uma
política de desrespeito, de desvalorização a classe dos professores,
principalmente, no Estado de São Paulo, desde a época de Mário Covas e
posteriormente José Serra e Geraldo Alckmin. Professores no Brasil são
humilhados pelos governantes. Há certos conceitos que precisam ser
desmitificados, sendo um deles o de que o Brasil precisa crescer. Não. O Brasil
precisa, primeiramente, educar para crescer e não crescer para depois educar. É
preciso rever a ordem, os valores e as projeções. Um elemento cabal disto é o
estranhamento em sala de aula quando o professor solicita a compra de um livro
onde pais aparecem na escola para reclamar, outros reclamam em casa mesmo, além
dos próprios alunos. Entretanto, um celular hoje custa (uma média de $ 200,00 a
$ 700,00 dólares) mais que um livro e os pais presenteiam seus filhos sem
grandes questionamentos. A ótica está distorcida e se ela está distorcida os
resultados também serão. Enquanto, a educação e os professores não forem
valorizados a altura do que merecem, mais e mais, presídios serão construídos e
o Brasil se encontrará imerso por corruptos. “Um povo ignorante será sempre um
povo pobre” (grifo: de 3.º mundo), como dizia o jurista e político brasileiro,
Rui Barbosa.
13
– Como ‘encara’ as críticas a partir
do seu trabalho com Literatura?
R –
Não é comum que eu receba críticas nesta área. Recebo mais em outros campos de
atuação. Todavia, causa certo estranhamento, uma perplexidade a ausência dela.
De duas, uma. Ou meus textos são extremamente ruins e seria, portanto, uma
grande perda de tempo ou são muito bons, o que agradaria ao leitor. A crítica é
bem-vinda quando fundamentada, dentro de parâmetros que vão impulsionar a
melhorias futuras.
Penso
que há um tempo muito precioso sendo gasto e um valor destinado por vezes às
coisas fúteis. É fato que coexistem duas coisas: as que são apenas
interessantes e as que são apenas importantes. O agradável é quando ambas se
cruzam. Será que a população não tem demasiadamente focado, valorizado o menos
útil em favor do que é mais útil? Há alguns que se especializam em críticas
destrutivas, apenas por mero prazer.
14
– O que recomendaria aos leitores do site, e – de forma geral, aos estudantes?
R – Leitura, muita leitura. Um
povo afeito a leitura é um povo diferenciado. É bastante pertinente a frase de
Erza Pound: “Um povo que cresce habituado à má leitura é um povo que está
em vias de perder o pulso de seu país e o de si próprio”.
Qualquer
governo de Estado pondera bem mais suas ações quando diante de um povo
esclarecido. Hoje existe um grande número de bibliotecas espalhadas pelo país.
Além da opção Internet. Em uma pesquisa divulgada recentemente diz que quem
cuida do seu cérebro assim como cuida do corpo tem menos probabilidade de
desenvolver certas doenças como mal de Alzheimer. A leitura entra aqui como
requisito entre outros exercícios de estímulo que se pode fazer cotidianamente
para manter viva a memória. É mister uma boa alimentação a alma. Somos
ensinados com frequência a cuidar do corpo, mas isso por si não basta. É
fundamental desenvolver, estimular o intelecto com boas leituras e boas
práticas diárias.
15
– Escolha um dos seus textos (se houver livros publicados, escolha um ou dois)
e comente-o aos leitores convidando-os a conhecer a sua produção.
R –
Confusão de Pronomes surge para explicar outros poemas. Por exemplo, o poema
Admiração em que os pronomes não seguem a ordem de correlação primeira com
primeira, segunda com segunda e terceira com terceira. Se fosse feita alteração
quebrar-se-ia a melodia, ao que foi mantido a forma original. O eu lírico é
quem enunciou ao seu estilo libertário, não se atendo às formalidades da
gramática. Assim posto, pela alma do poeta recorrendo-se, então, a licença
poética.