18/09/2015

Amizade

Araçatuba, sexta, 18 de setembro de 2015.

Amarildo Clayton Godoi Brilhante

Pensar em amizade é sem dúvida pensar em um relacionamento que envolve duas ou mais pessoas que por alguma motivação especial se afeiçoam. Falar em amizade é falar do carinho especial que uma pessoa carrega dentro de si em relação a outra onde o sentimento de ambos não é ignorado. Passa a ser importante. Prevalece na amizade um dos sentimentos, o de unir-se espontaneamente. São laços de vontade.

Amizade é tornar aquela pessoa sem laços consanguíneos como parte integrante do outro e que quando tal pessoa estimada se vai, resta apenas a dor da saudade, as lembranças dos bons momentos que permanecem gravadas na memória. Aqueles a quem consideramos amigos são nossos confidentes, logo, a lealdade, a atenção dedicada se faz presente.  Amigos não se portam como traidores, não se ignoram, mas tão logo se desentendam vão continuar amigos desde que a ferida não atinja o centro da alma. A amizade possibilita o compartilhamento de ideias, o não prejudicar-se um ao outro, visto que os interesses passam a ser mais afins. E como é bom termos amigos a quem recorrer naqueles momentos. Um homem sem amigos sofre mais, sofre contido em si mesmo. Amigo de verdade quem o tem encontrou um tesouro para si.

A amizade só se torna possível por que atrás dela esconde-se um sentimento de amor. Se temos alguém que nos é amigo este é aquele que com um simples olhar consegue através da janela da alma, nossos olhos, ler nossos sentimentos. Manter-se em vínculo de amizade é abraçar-se um ao outro na medida das suas carências.

A célebre mensagem: “Diga-me com quem tu andas e dir-te-ei quem tu és” corresponde a que tipo de amizade você escolheu. O que implica dizer: sabedoria. Sabedoria na hora de escolher. E como se não bastasse a mensagem bíblica traz um alerta: “As más companhias corrompem os bons costumes”. A amizade verdadeira nos põe diante da pessoa com quem podemos contar nas horas difíceis, com que podemos confidenciar nossos problemas, com quem pode e quer de fato nos acompanhar em situações diversas. Não dá para imaginar uma amizade sem algumas qualidades, dentre elas: cumplicidade, fidelidade, bondade, amor, proteção, respeito, disponibilidade, reciprocidade, compreensão, etc. Uma amizade pode ser para a vida inteira, mas nada impede de romper-se dependendo da intensidade da desavença. Todavia, o vínculo de uma amizade genuína pode coexistir entre as pessoas, entretanto, entre um homem e uma mulher, às vezes, essa amizade pode tornar-se o que convencionamos chamar de amizade colorida. Ou seja, o que dentro da Filosofia se chama de Philia, pode se transformar em Eros, o amor carnal, homem e mulher terminarem na cama, por isso é tão difícil acreditar em uma amizade pura entre um homem e uma mulher. Somente o amor Ágape poderia vencer, mas este não está presente em todos os seres humanos.

Na amizade os nossos valores corroboram um com o outro, nossas atitudes são positivas e nossos comportamentos tendem a ser condizentes a ajudar e auxiliar quem nos é amigo. A amizade nasce da voluntariedade das partes em se querer bem. É uma aceitação dentro do íntimo do indivíduo que os ligam por laços de vontade. Em dadas certas circunstâncias há amigos que são melhores do que membros da nossa família.

A amizade perpassa pelas operações de somar, multiplicar, dividir. Somamos e multiplicamos ideias, propósitos, desejos, forças, finanças e, dividimos momentos tanto de alegria quanto tristeza, as cargas que carregamos, nossos sonhos etc. Quando há uma verdadeira amizade as máscaras não existem, pois um conhece o outro em intensidade, uma vez que não precisam esconder suas fraquezas e seus medos nem suas vergonhas.  Há uma naturalidade no relacionamento, por isso não sobra espaço para as artificialidades dos relacionamentos sociais diários. As coisas fluem: palavras, assuntos, opiniões e as qualidades são postas acima dos defeitos. É tão bom quando temos amigos para compartilhar nossas derrotas e conquistas, poder conversar quando mais precisamos, que não nos cobra nada por aquilo que nos fez, que notam a nossa falta quando sumimos e nos ligam perguntando o que aconteceu, que nos faz sorrir, que são tão inteligentes quanto a gente, quando recebemos o seu abraço, quando a solidão desaparece ao estarmos em sua presença. Em se tratando de amizade, é comum que o amigo não tenha vergonha do outro, visto que as suas misericórdias se fazem presente. A amizade é uma prisão por laços de vontade, a que chamamos de liberdade para estarmos juntos. 

Amizade é uma espécie de amor que não requer exclusividade, ela é sublime e, como dizem os filósofos ela visa o bem que é a verdade, a justiça e o amor. Amigos não se substituem como substituímos nossas roupas, são insubstituíveis por essência, logo, amigos leais não são descartáveis. A amizade verdadeira é incalculável o seu valor.

Pois bem, amigos! Há quem diga que a amizade é relativa enquanto não há ocorrência de algo incomum, algo que envolva interesse pessoal nos empurrando para uma competição, como: promoção profissional numa empresa, concurso público, ou ainda em caso gritante de sobrevivência.

Amizade meu amigo, se assim posso dizer, é plural, pense nas amizades que possam existir, elas estão por aí: amizade pura, amizade oportunista, amizade colorida ...  E você o que pensa ...
Amarildo Brilhante é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade e estudante em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Araçatuba /SP. Contato: e-mail: amarbrilha@ig.com.br


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04/09/2015

A Ética

Araçatuba, quinta, 04 de setembro de 2015.

Amarildo Clayton Godoi Brilhante

Qual a concepção de mundo que queremos ter para todos? Somos guiados por nossas filosofias de vida. As ideologias estão presentes nas camadas sociais tanto nas mais como menos abastadas financeiramente. A sociedade brasileira criou uma cultura de se positivar tudo por meio de lei e que as coisas devem ter visibilidade e finalidade prática. A forma de vida que adotamos certamente nos traz determinados resultados. Neste caso, o bom uso da razão deve nos dar a direção.

A sociedade brasileira carece de fortalecimento imediato no campo ético, todavia, fortalecimento de todos se convergindo para interesses afins de construir uma sociedade melhor. A conformação com as injustiças e com a corrupção no meio social em nada contribui. Qualquer homem ou mulher devem ter o domínio sobre sua razão para agir acertadamente e com liberdade. Há sempre uma postura mais adequada a ser adotada nas situações práticas. Todos temos em certas circunstâncias que agir e é aí que necessitamos valorar positivamente ou negativamente nossas ações. O agir bem possibilita uma vida mais tranquila, por isso pensar nas consequências antes de agir é fundamental.  Somos confrontados em ter ou não que mentir diante de uma vida em perigo iminente, ou ainda o médico de decidir se o aborto ou o desligamento de aparelhos é a ação mais oportuna para aquela circunstância, bem como, a cirurgia feita às pressas contrariando-se certos detalhes para salvar uma vida, enfim os exemplos são infindáveis.

O raciocínio precede a liberdade e como o homem é dotado da razão, é capaz de escolher e, portanto, seus valores e ações não podem conduzi-lo para a prática do mal se ele é um sujeito ético. Ser ético é ter uma prática diária de vida, uma ação individual que produz resultado coletivo, é ter a postura correta acerca das circunstâncias cotidianas de modo que favoreça o bom convívio social. A ética nos serve como um parâmetro social que permite a convivência com as outras pessoas, sendo ela fundamentada em valores e ações os quais devem voltar-se para a liberdade. Todos temos o mundo a nossa frente e nossas escolhas podem passar, mas dependendo do que fizermos permanecerá para sempre.
Ser ético é ser virtuoso e em todo ser ético suas ações são motivadas pelo que está internalizado em si mesmo. A virtude se faz presente naqueles que adotam comportamentos sociais adequados. O homem virtuoso tem por hábito questionar suas atitudes como sendo boas ou más. A virtude é essencial na vida das pessoas, uma vez que, suas ações determinarão os resultados.

O ser humano é uma inconstante, porém dentro de inúmeras possibilidades faz suas escolhas tendo como ponto de partida a razão e é esta que o fará usufruir de sua liberdade ou grilhões. Sabendo-se que é um ser plural, que é protagonista, tem direitos e deveres.  Todos estamos debaixo de diversos papéis em que figuramos no cotidiano: ora figuramos na condição de denunciante, testemunha, ou denunciado, já que exercemos diariamente inúmeros papéis na sociedade. A execução de nossos atos se dá de maneira livre e conscientemente motivado apenas por uma convicção íntima de cada ser. A tomada de decisão deve cunhar-se na possibilidade de melhor convívio. Escolher entre o certo e errado dependendo das circunstâncias pode não parecer tarefa fácil. Sabemos, todavia agregar valor as coisas e a reconhecer que decisões de âmbito individual produz reflexo no âmbito coletivo.  A ética de um grupo nem sempre é interessante para o outro.

Uma boa escolha acontece naturalmente quando o indivíduo porta em si mesmo valores e princípios, tais como: vida, amor, democracia, justiça social, liberdade e equidade. Quem tem atitudes éticas não compactua com a corrupção, uma vez que a não conformidade com as desigualdades e a rejeição ao egoísmo repelem tamanho mal social automaticamente. Torna-se, neste caso, portanto, o indivíduo um denunciante, o que faz dele um não compactuante com a sistemática nociva. Considera-se ético aquele que não só busca, mas exerce o domínio sobre a sua natureza tendenciosa ao erro. A vontade do indivíduo é educada e sabe sopesar as situações de forma coerente. E quando sua natureza está submetida ao seu domínio o leva a gozar de um mundo de liberdade com responsabilidade.

Consoante o autor SÍLVIO GALLO: “Cada um de nós é semelhante a um pequeno barco que deve atravessar um oceano. Devemos realizar nossa travessia no tempo (...) e as condições temporais são adversas para a travessia do barco (...) a consciência da morte nos impõe a tarefa de criar as condições possíveis de vida (...) não queremos apenas sobreviver como os demais animais. Queremos ser felizes (...) mas, o que fazer para conquistar a felicidade”?

Consciência e responsabilidade são palavras chaves dentro do campo ético. O agente utiliza-se de bom senso, tem consciência e autonomia. O comportamento ético ajuda a manter o equilíbrio social, a saber evitar o caos. Logo, todo ser ético tem a sensação de missão cumprida. Disto posto, somos capazes de avaliar o que é bom e o que é ruim.
Independente de autores colocarem a moral referindo-se ao indivíduo e a ética à sociedade é certo que tanto um quanto o outro pode causar de forma direta ou indireta algum dano. 
Enfim, a sociedade escolhe construir sua ética. Embora as inquietações da vida estejam nos acompanhando em momentos diversos, cabe a nós ressaltarmos nossas qualidades e mantermos uma conduta decente.   

Já no que tange aos atos políticos negativos, estes uma vez praticado reduzem um povo a viver desgraças sociais restando ao povo lutar contra tais abusos. Nada justifica a corrupção que é a mais pura demonstração da falta de ética na política. É necessário a busca de fundamentos saudáveis, pois em qualquer época é possível vivenciar uma insanidade institucionalizada. Certos fatos políticos acarretam grande perturbação social, visto que, agentes políticos antiéticos não visam o bem comum da sociedade. As ideologias estão aí, quando não intrínseca, extrínseca, nos afetando em todo tempo, principalmente, as ideologias de uma classe dominante. Cabe a nós filtrá-las e usar a sensatez. Ser ético é ter e praticar uma cultura positiva. Caminhemos, pois para a realização do que queremos enquanto sociedade. A construção ou sua destruição está em nossas mãos. O ser humano é dotado de um farol, a luz ou está em nós ou a nossa frente... Portanto, cabe a nós...
Amarildo Brilhante, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade. Araçatuba /SP. Contato: e-mail: amarbrilha@ig.com.br


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03/09/2015

A Crise


Araçatuba, quinta, 03 de setembro de 2015.

Amarildo Clayton Godoi Brilhante

Quem nunca vivenciou algum tipo de crise? Existe crise? Sim, para a plebe ela sempre existiu. O pobre nunca saiu da mesmice, nunca tirou os pés da lama. A dificuldade, os problemas, a dor é uma constante na sua vida. Todavia, os ricos também não estão isentos de situações adversas.

Há vários tipos de crise das quais se pode citar algumas delas: crise de ansiedade, crise existencial (psicológica), crise econômica, crise política, crise de nervos, crise de saúde, crise social, crise empresarial, crise na adolescência, crise aos 40 anos, crise do paciente, etc.  

Neste mundo que tanto nos assola a crise pode ser intensa, efêmera, real ou até mesmo fictícia, aquela simulada em nossa própria mente por medo. Todos quando ouvimos falar em crise nos arrepiamos, por que não queremos vivenciá-la, seja ela de que tipo for, porém, é natural que qualquer crise quando chega até nossas vidas traga uma mudança repentina e nos coloque em xeque uma vez que a tendência é nos fazer perder o controle, abalar nossas emoções acarretando inseguranças e provocar estresse. A crise a princípio não deveria ser em hipótese alguma um processo e sim apenas uma fase, visto que processo é aquilo que perdura no tempo sem limitação de tempo, já a fase passa. As incertezas arroladas por uma crise, suas consequências sejam elas quais forem quando chegam, num primeiro momento, não se pode determinar como será o seu fim. Devemos submetê-la a análise da sua eficácia e possíveis consequências.

Sábio são aqueles que extraem da crise oportunidades, eles criam, a crise neste caso específico torna-se para eles uma aliada que os impulsiona para o sucesso, enquanto outros apenas amadurecem. Ela não se constitui só em episódios negativos. O aprendizado que permanece, pós crise é um aspecto positivo.

Ainda que sejamos preventivos o imprevisível pode nos bater à porta. São as surpresas da vida. Porém, a prevenção é um remédio com o fim de evitá-la, mas sua eficácia nunca é 100%.

Os tempos de crise nos impõe uma situação a ser transposta. Sem dúvida que tais tempos causam ansiedade e instabilidade, afetam o equilíbrio, criam mudanças súbitas, dificuldades, podem afetar desde um indivíduo, um grupo, uma instituição e até mesmo países chegando a comprometer o desenvolvimento e em sua magnitude nos furta o tão precioso sono.

Mesmo que seja um fato ou uma circunstância, a crise é a ruptura de um processo normal que deixa suas marcas de um antes e um depois da crise. O que se espera é que ela vá embora, ao menos essa é sua tendência.
Viver a vida toda de pobreza não deixa de ser uma crise permanente que se impõe às vezes contra a nossa vontade, pois é como se remasse, remamos, remamos, remamos e parece que não saímos do lugar e assim vamos até o fim da vida. Viver a dor dos insucessos, dos males que nos provocaram é sem dúvida uma crise. Tudo tende a passar nesta vida, mas é fato que a aflição, a angústia e as incertezas são problemas trazidos pela crise de imediato. Dependendo do tipo de crise seus efeitos colaterais podem ser mais ou menos intensos, é como o remédio tomado inapropriadamente. A crise nem sempre consegue a quebra da riqueza, mas pode abalar.

O modus operandi dos agentes políticos podem dar margem ao surgimento de uma crise ou esquivar-se dela tornando o caminho de todos menos penoso e equilibrado. As revoluções comumente nascem em meio a crises que geram desequilíbrio em profundidade. A crise política, por exemplo, pode levar o governo a perda de legitimidade e isso corresponde ao não reconhecimento pelos seus governados. Quando esta aparece uma das saídas adotadas pelos governantes é a resolução por meio de acordos. 

Já a crise social que é aquela que afeta a estrutura da sociedade e seu impacto pode ser grande, pois o que se nota aqui é a ausência de valores positivos onde se tem o cada um por si, o individualismo fortalecido, em evidência, a saber um egoísmo exacerbado.

Enfim, assim caminham as crises na adolescência onde o ser tem dúvidas em seu próprio interior e seus interesses mudam. Uma pessoa que vive o dilema entre vida e morte é acometida pela angústia motivada pela crise e assim se vai, afinal crise é crise, não! Suas marcas marcam presença de fato.

Amarildo Brilhante, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade. Araçatuba /SP. Contato: e-mail: amarbrilha@ig.com.br


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