16/03/2021

Castro Alves, o poeta dos escravos - Rememorando.

Transcrição do vídeo: 

 "Oh! Bendito o que semeia / Livros à mão cheia / E manda o povo pensar! / O livro, caindo n’alma / É germe – que faz a palma / É chuva – que faz o mar!".

            14 de março é dia de relembramos nosso imortal e querido poeta baiano Castro Alves. Castro Alves é como o ébrio que nunca se cansa, nunca se cansa por ser tomado em seus desejos, nunca se cansa por estar completamente imerso em seus sentimentos, de boas doses em sua lírica, Castro Alves em seu autocentramento se descentrava no fulgor e primor de uma jovem, suas experiências arremetiam por vezes a um eu-lírico solitário, angustiado, ensimesmado como um monge tibetano frente ao seu oráculo, suas experiências em vida apertavam-lhe o peito, porém, como qualquer um a frente do seu tempo militava pela liberdade. Sua poética deitada em parte em seus enfrentamentos, mas a lida da voz que clama em seu desassossego pulsava em versos ora doces ora amargos. Não ter a mãe em seu regalo é como despir-se ao inverno, e ter o seu irmão em recusa a vida é como arrancar de si um membro.  Em 14 de março de 1847, nascia o baiano Antônio Frederico de Castro Alves, o poeta dos escravos. Castro Alves questionava o mundo e a si mesmo qual era o seu lugar neste cosmos valendo-se de seu eu-lírico. Suas armas eram uma pena, um tinteiro e um papel. Com elas em mãos defendeu varonilmente o negro de corpo e alma, mas faleceu jovem demais, aos 24 anos. Indubitavelmente, um grande poeta, colhido de forma temporã, mas que nos deixou o legado de sentir sua alma em seus versos. Um ferrenho abolicionista que não recuou em seus ideais de justiça e liberdade. Um tom panfletário, indignado e declamativo em suas temáticas abolicionista, política e social marca a sua poética. Sua apologia vinculava-se à República. Castro Alves tangenciado pela lírica do poeta francês Vitor Hugo tecia seus versos assim:


Lá na úmida senzala,

Sentado na estreita sala,

Junto ao braseiro, no chão,

Entoa o escravo o seu canto,

E ao cantar correm-lhe em pranto

Saudades do seu torrão ...


De um lado, uma negra escrava

Os olhos no filho crava,

Que tem no colo a embalar...

E à meia voz lá responde

Ao canto, e o filhinho esconde,

Talvez pra não o escutar!

..."Minha terra é lá bem longe,

Das bandas de onde o sol vem;

Esta terra é mais bonita,

Mas à outra eu quero bem!


Você acabou de ouvir um trecho de Canção do africano, de Castro Alves, que ficou conhecido como poeta dos escravos. Castro Alves viveu alguns dramas e ao ver os dramas de outras pessoas se posicionava como sujeito poético que ao olhar se esforçou literariamente provocando mudanças na sociedade. As poesias dele serviram a galvanizar a sensibilidade da época. 

E eu encerro com estes versos deste frutífero poeta:

Quando eu morrer... não lancem meu cadáver

No fosso de um sombrio cemitério...

Odeio o mausoléu que espera o morto

Como o viajante desse hotel funéreo.

 

Corre nas veias negras desse mármore

Não sei que sangue vil de messalina,

A cova, num bocejo indiferente,

Abre ao primeiro o boca libertina.


Ei-la a nau do sepulcro—o cemitério...

Que povo estranho no porão profundo!

Emigrantes sombrios que se embarcam

Para as plagas sem fim do outro mundo.

Trecho poético: Quando eu morrer, de Castro Alves.

Obrigado e um abraço a todos. 

Elaborado por Amarildo Bilhante


Caso queira assistir ao video, veja:






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