Artigo de Opinião
Araçatuba, quarta-feira, 24 de junho de 2015.
Araçatuba, quarta-feira, 24 de junho de 2015.
Amarildo Clayton Godoi Brilhante
Muito se discute em relação ao tema. As
propostas apresentadas por quem é contrário a redução da maioridade paira sob
várias argumentações, entre elas a de que a formação psicológica do menor se dá
entre os 14 e 20 anos. A questão é que quem defende a redução da maioridade
está a favor da vítima e, neste caso, nada vale argumentações diversas. O que
vale é a justiça ser feita. O infrator que é um bandido mirim, violador das
regras sociais, tem consciência dos seus atos, pois é inconcebível que ele
menor não saiba que arma mata em tempos de hoje. É inconcebível que ele não
saiba que a propriedade alheia deve ser respeitada. É inconcebível que ele não
respeite a vida de seu semelhante, subtraindo tal vida por meio da pena de
morte aplicada por ele a seu bel-prazer.
Aos familiares que perdem seu ente querido
pelas mãos do menor resta a dor do abandono, pois não há respaldo estatal à
família, resta a dor da injustiça, a dor da saudade, os prejuízos financeiros.
Reduzir a maioridade penal é colocar o pingo
nos ís. Para a vítima não importa se o Estado tem dinheiro em caixa ou não.
Importa que o Estado recolhe tributos para dar segurança, propiciar à justiça e
zelar pela paz e o convívio social. O Estado não pode por meio de sua
incompetência gerir desconforto social, nem em ser um fabricante de bandidos
pelo seu mal gerenciamento da máquina administrativa sendo omisso na educação
de um povo. Em outras palavras, o que normalmente o Estado faz é tapar o sol
com a peneira.
Proteção
integral à criança e ao adolescente sim quando estes forem vítimas. Assim como
o Código Penal tutela a vida, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
também o faz quando se investe da proteção integral tanto da criança quanto do
adolescente. Só que na prática diária percebe-se que todos estão desguarnecidos
de proteção contra estes agentes da violência, a saber, os menores infratores.
A família da vítima que teve vitimado um ente familiar entra no descaso do
Estado. Não há amparo estatal. Não se houve falar em tratamento para aliviar dores
e traumas, nem indenização por parte do Estado, nem ao menos uma cesta básica a
família que perdeu um pai de família pelas mãos de um menor que de maneira
enganadora nos forçam a chamá-los de infrator quem é desde cedo bandido e
alguns de alta periculosidade. Para estes, a vara da justiça. E a vara dura,
por que a vara que aí está é mole, ou seja, uma penalidade de no máximo três
anos é uma brincadeira de mal gosto e ao mesmo tempo chamar a sociedade de
otários.
Os
políticos brincaram todos estes anos fingindo que estavam conduzindo as coisas
de forma séria. E só agora é que vem à baila a discussão de uma mudança no ECA
para não se fazer a redução da maioridade penal. Hoje mais de 87% da população
é a favor e os motivos se justificam, pois as pessoas se sentem refém destes
marginais mirins.
Em
cinco anos que trabalhei dentro de uma Fundação Casa eu nunca vi nenhum
adolescente cumprir pena (medida socioeducativa) por mais de 1 ano e dois meses
independente da atrocidade que este tenha cometido. O quantum da pena a ser
aplicada deve ser maior e proporcional à gravidade do delito (crime). Dizer que
até três anos para crimes hediondos é o ideal e brincar de punir. A pessoa opta
pela escolha do caminho maligno. Logo, a punição tem que existir. Pisou na
bola, pau nele! Essa conversa fiada e malandra de reeducar é tudo balela. Outra
mentira descarada é a de que a violência vai aumentar se houver a redução da
maioridade penal para 16 anos. O aumento da violência não está atrelado a idade
e sim a outros fatores: um deles, é a violência que o Estado pratica contra o
indivíduo na fase escolar não oferecendo uma escola de qualidade, além de
maltratar os profissionais da educação com péssimos salários e condições
horríveis de trabalho. Mas isto não para aí. Não há projetos realmente viáveis
para esta faixa etária.
O
enfraquecimento da pena e nem o endurecimento da pena não irão ressocializar
ninguém. Entretanto, a lógica matemática do Estado diante de tanta incompetência
para resolver os problemas gira em torno dos custos financeiros. A lógica linguística
é incompetência, desinteresse e muita corrupção que é igual à deixa do jeito
que está senão piorar.
O
principal investimento sempre deve ser na educação. Tratar apenas efeitos sem
resolver as causas de nada adianta. O Brasil através dos atuais legisladores
precisa de maior comprometimento na resolução de tais questões de ordem
interna. Ambos adolescentes, vítima e agressor, não podem estar na mesma vala
comum. Tratamento igual para os iguais e tratamento desigual para os desiguais
na medida em que se desigualam como dizia: Rui Barbosa. Então, se o crime é
contra a vida, maior deve ser a punição sem piedade.
Quiçá no afã de acertar o legislador acerte
desta vez. Que venha a
redução da maioridade penal. Ela é bem-vinda, porém não acredito que os
legisladores irão respeitar a vontade popular. Penso que irão engavetar o
projeto de lei da redução da maioridade penal e buscarão fazer alterações no
Estatuto da Criança e do Adolescente. A democracia é uma farsa e o
legislador tem errado feio. Tem errado por que age de forma política e não
pensando no bem social. Não são visionários, não são estadistas. Brasil, muda a
sua cara!
Amarildo Brilhante, 41 anos, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade. Araçatuba /SP. Contato: e-mail: amarbrilha@ig.com.br
Amarildo Brilhante, 41 anos, é professor, escritor e palestrante. Formado em Direito, Letras, Técnico em Informática, Técnico em Contabilidade. Araçatuba /SP. Contato: e-mail: amarbrilha@ig.com.br
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