30/03/2020

Um Dia de Escrivão



Aos 24 de agosto de 2018, estava ali um homem barbudo, alto, moreno e sensual, quietinho e sentado na cadeira sob o inferno de uma sala quente, ares-condicionados que não davam conta do recado quando de repente aparece à frente uma diva, Renata era o nome dela. Com uma voz doce, porém potente dirigiu-se ao público fazendo fortes apelos utilizando-se de tons suaves buscando a adesão de alguma ovelhinha. As ovelhinhas miravam os olhares para baixo, para o alto, fingiam não ser com eles, disfarçavam-se, todos fugindo de mais uma responsabilidade. Interiormente, cada um começou uma torcida fanática de interesse pelo outro, a saber, que o outro fosse o escrivão escolhido ou redator caso prefira, afinal, em meros instantes ficou notável que ninguém ao menos naquele dia desejaria dispor dos dons habituais de escrita.  Parecia a fila da morte onde cada um empurrava a senha para o outro cheio de cordialidades.
O silêncio se manteve por longos minutos após a solicitação. Renata a superdiva ficara ali interiormente reflexiva pensando, meu Deus? Estes professores coordenadores! Todos se escondendo debaixo dos seus mantos. Os olhares da diva Renata, uma mulher alta, estilosa, fina, circulava a frente na sala num anseio quase desesperador e, eu, quietinho num ato de penitente arrependido pedindo a papai do céu: eu, não! Eu, não! Encolhia-me e me recolhia como uma tartaruga dentro do seu casco para não ser visto. Nada disso adiantou. Parecia que num ato de supermulher que emergia raios-X dos olhos me encontrou e fora contra os meus ideais de não-fazer, não ser contemplado com este malefício, sabendo eu que iria procrastinar até onde desse, torcendo para que a amnésia batesse em todos. Utopia, é claro! Quem dera tivera eu a mesma sorte de ser achado pela megassena acumulada em meu bilhete premiado. Um sonho apenas. Tentei interpelar, e num ato de desespero queria recorrer a todos os tribunais e instâncias superiores para exercer o meu direito de não fazer. Pensei até em Tribunal Penal Internacional sem nenhum crime ter cometido. Não teve jeito, aquele jeito meigo, aquele olhar penetrante e simpático foi mais forte e eu num ato de aquiescência cedi, não precisava muito, sou uma ovelhinha cheia de defeitos, porém obediente, afinal fazemos parte do mesmo aprisco. Tentei argumentar que estava com sono, pois acabara de acordar, nem café havia ainda tomado. Consenti finalmente, sem muita relutância. Após bater o martelo, acordos estabelecidos, entrou em cena um jovem de nome Willian trazendo ao cenário um assunto sobre sinalizador de processo. Willian, um moço jovem, alto e com uma certa protuberância perceptível numa linha horizontal, a quem defronte o observa. William Fez uma belíssima explicação, todavia, os coordenadores comportavam-se como alunos não deixando o homem falar. Teceu comentários sobre o sinalizador da escola Artur Leite Carrijo exemplificando aos presentes. Perpassou sobre vários itens. O discurso exemplificativo era mais ou menos assim:  
Se aparece calculado fica como atingido ou não atingido na coluna. No status aparece atingido ou não atingido. Setinha verde pra cima ou pra baixo no campo, evolui. No Campo Fluxo – anos finais: correspondem a ciclo, por exemplo, 6.ºs aos 9.ºs anos. 
O PCNP William mostrou a primeira linha referente ao desempenho e falou sobre o resultado base da média dos terceiros anos da escola e o resultado do ano e o outro campo referente ao sinalizador. Falou sobre os fatores que compõem o sinalizador da escola (quantidade de alunos, questão socioeconômica. A escola de referência é aquela que alcançou o melhor desempenho. A setinha verde ou cinza é quando você compara com os anos anteriores. O resultado negativo do desvio é quando avalia o resultado e o simulador de referência. Clicou em Foco Aprendizagem, mostrando-se assim o resultado bimestral e resultado por desempenho. Mostrou a média Aritmética. Vai pegar as quatro questões que o aluno mais acertou. 
Ouvia-se ao longe o velho e longo apito de fábrica, horário de almoço onde cada um virou um cisco em questão de segundos num ato frenético de que pra almoçar é um leão, mas para trabalhar... Melhor parar por aqui, senão... a chances de sair vivo, exaurem-se. 
Após o almoço, abriu-se com o Diego, PCNP de Biologia, rapaz alegre, simpático, cheio dos sorrisos entrou atacando o público com uma tal de proporção. Willian e Diego fizeram um teatrinho, ainda bem que não são comediantes, ufa! Abordaram o cruzamento entre matemática e Biologia para explicar PROPORÇÃO. Trouxe um gráfico pra exemplificar a densidade das populações de gato do mato e coelho que estava sendo caçado. Afinal, caçado é com dois esses ou com c cedilha? O senhor pardal da Matemática falou do eixo das abcissas, eixo X e eixo Y. O caríssimo, o prezado, o notável senhor Willian ressalvou que a Matemática está presente em outras disciplinas. Agora eu descobri porque ninguém aprende nada, quem merece tanta abstração pra um mundo concreto. Disse que antigamente era cada um no seu quadrado fazendo referências a conteúdo curricular. O professor muitas vezes não consegue fazer esse cruzamento. Passou a bola para o Marcel, o homem dos problemas veio nos problematizar. Lançou um desafio cujo objetivo era trabalhar com a lógica Matemática. O tico e o teco mal tá funcionando pra lembrar o que almoçamos ontem e lá vem ele causar uma confusão na nossa cabeça. Senhor Marcel e William cada um com seus problemas senhores, quem os criou que os resolva (risos).
Na atividade proposta por Marcel exibiu uma imagem em que deveria ser encontrado a hora o dia e o mês relacionado a uma cidadezinha. Após exibir a imagem, disse os objetivos e procurou mover os conhecimentos prévios das pessoas, como conhecimento lógico, data, leitura, e outros detalhes. Os PCs ficaram numa encruzilhada e se debatendo sobre a atividade, levantou-se uma grande discussão tentando deduzir para se chegar a resposta. Feito o desafio após a imagem, após as discussões coletivas apareceu o senhor Matemática com a resposta. Mui provavelmente, o senhor matemática, caçoava em seu interior de um bando de pessoas que lutavam e relutavam em busca de acerto. Onde já se viu, ficar criando intriga valendo-se de números, letras e coisas sem pé e nem cabeça. Me poupe, nos poupe e se poupe. Hastag fujamos da matemática ou caiamos logo de cabeça nela se é que não temos cabeça.  
Willian retorna ao cenário e entra com um eslide intitulado PARA PENSAR ... Mais uma vez o discurso foi longo. Começou proseando assim: Quais os conhecimentos foram necessários para se encontrar as informações e quais as disciplinas estão envolvidas no processo? 
Informou sobre a necessidade de os professores trocarem informações. Se o professor quer fazer uma atividade extra e troca uma informação um com o outro é possível que estas proposições feitas aumentam a possibilidade de interdisciplinaridade. E assim caminha a humanidade... Veja prezados senhores nem pude dar-me a honra de “pescar” durante apresentação, afinal sobre meus ombros pesou a responsabilidade de ser o escrivão. 
E continuou ele a dizer não só com palavras, mas também com as mãos e braços. Disse que um simples bate-papo entre os professores especialistas da área pode fazer com que cada um se enxergue de certa forma na disciplina do outro. Um simples bate-papo. Falou sobre a importância de pensar nesse movimento. Quando apresentou no núcleo a habilidade fez com que os demais estudassem para chegar a conclusão dos pontos da interdisciplinaridade. 
Não poderia é claro de explanar conceitualmente o termo interdisciplinaridade. E pra ficar mió de bom, na sequência não pudera ter deixado de questionar: Como está acontecendo lá na sala de aula? Seu objeto transpareceu como águas límpidas, a saber nenhum ouvinte poderia sair dali sem ter conhecimento da metodologia do trabalho interdisciplinar. E você acha que acabou? Saiba que o melhor vem agora. A sempre elegante, linda e maravilhosa supervisora Marisinha também abrilhantou o cenário tecendo sobre: Prevenção também se ensina e Escrevendo o Futuro. Por um determinado momento, um susto, os matemáticos até arrepiaram, parecia que teríamos uma aula de gramática quando mencionou a questão de siglas se há ou não plural. Enunciou aos espectadores, espere como se escreve expectador com x ou s? Bem expôs ela que não se deve fazer o projeto só por fazer apenas para cumprir tabela, mas sim discutir/ debater e exaurir o assunto.
O Willian nosso super astro coordenando as ações no computador levou as pessoas ao delírio ao colocar um relógio de contagem do tempo online, um momento de grande agitação entre as pessoas. 
Nossa programação foi interrompida para um breakfast e após o café fizemos a socialização. A Renatinha da escola I.E ficou dançando na frente com a matriz na mão e não parava de gesticular, principalmente, com a mãos que se revesavam e olhava para trás para ver o relógio, pois o tempo urgia contra si. A Su tinha uma postura corporal parecida a um compasso com o pé esquerdo a frente e o direito atrás. E assim sem mais delongas o PC de História falou sobre perguntar a outro professor no que ele pode ajudar naquela habilidade presente. Após as discussões os professores socializaram. O professor Cecato e o Willian enfatizaram a questão da intencionalidade do professor. Por exemplo, não precisa ser especialista para dizer o quanto equivale 0,5 de 200 milhões de habitantes. Quando o professor faz assim ele está tangenciando o assunto. É preciso um trabalho articulado de forma que com o passar do tempo vá ficando automático. 
O super astro Willian estava mesmo inspirado. O cara mencionou Romero Brito, artista que pinta quadros, falou de polígonos, pesos e medidas, porcentagem e outros diachos da matemática. Willian e sua matemática. A matemática não é de Deus não meu povo! Houve estudos de casos onde os PCs foram separados em grupos por escola. E nos foi solicitado para a próxima ATPC trazer o protocolo de acompanhamento de uma aula que não seja de matemática, mas contemple direta ou indiretamente uma habilidade de matemática. 
A super diva Renata demonstrou seu contentamento com os PCNPs dizendo estar sempre surpreendida com a excelente atuação dos PCNPs. Falou sobre os desafios que temos, mas que temos também grandes possibilidades. Nós precisamos ter intencionalidade. É uma grande visão que devemos ter, disse a supervisora Renata. O encerramento foi marcado por um lindíssimo fundo musical com as vozes de Andrea Bocelli e Sarah Brightman. Esse povo da D.E Araçatuba são um arraso.  
E assim se foi, se foi e se vai... caminhemos todos alegres e contentes. Que nossas pegadas sejam marcas suficientemente fortes para influenciar vidas e melhorar não só a vida de pessoas, mas a esta nação como um todo. De parte em parte, não desistindo e tendo como lema desistir nunca, recuar jamais, sendo assim, avancemos como um visionário que marcha contra a maré. 
 “A tortura de quem escreve é querer agradar e a tortura de quem lê é não se agradar com o que leu”. Amarildo Brilhante 
Um forte abraço a todos e sucesso em nossa trajetória!
Texto escrito pelo coordenador de escola, Amarildo Brilhante, após uma reunião de coordenadores na Diretoria de Ensino de Araçatuba - 2018

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