04/02/2021

Respeitar é uma prática de amor

Amarildo Brilhante

 O globo terrestre é uma senhora Casa já antiquíssima e que abriga todos os seres. As diferenças encontram-se em todos os lados e são visíveis na vegetação, no mundo animal e nos humanos. Entre as diferenças, todos sujeitam-se, ou ao menos deveriam se sujeitar ao espaço do outro.

Nossa casa ambienta-se em uma conexão globalizada que deixa evidente tais diferenças para além do habitual que estamos acostumados a ver. Pouco importa se no simples ou complexo, se ela encontra-se no modo em como as pessoas se vestem, no comportamento, na instrução escolar, religião, ou em suas preferências sexuais. As diferenças decorrem da falta de igualdade. Somos iguais em parte, ao mesmo tempo que ninguém é igual. Entre estas o primordial é saber lidar com as diferenças. A intolerância é a não aceitação do outro, é o nivelar por cima, é a preponderância do instinto de superioridade sobre o outro, é querer que o outro seja a cópia de quem supõe ser a perfeição. O indivíduo que age desta forma atribui a si uma característica em que os demais deveriam segui-lo por entendê-la como sendo a mais correta dentro de seu arcabouço individual. É preciso muita cautela, o bom para o outro pode não ser o melhor para mim. É um nível que se aplica bem a um cálculo, a um objeto, mas não a comportamento humano. A palavra de ordem na convivência é o respeito. A harmonia se dá quando existe o entendimento e a prática na busca de igualdade de direitos e deveres, dentro dessa diversidade.

Cada ser tem o seu pensamento estruturado em diversas variantes. O importante é que o ódio morra antes do desconhecido prevalecendo à luz ante as trevas, e que, o conceito não se antecipe ao conhecimento. Em tese a confusão é gerada pelo desconhecimento, pela falta de confiança, pela dúvida, pelas palavras malproferidas, pela inveja, pelo preconceito. Há iguais e diferentes, iguais que convivem, diferentes que se amam. É pela singularidade de um e pela pluralidade de muitos que vamos crescendo. O sol é sempre sol, mas nem sempre dá o ar da graça em seu intenso calor, pois o tempo muda embora seja o mesmo. São caminhos a escolher, regras e verdades,  atos e escolhas. A essência nas relações humanas não se faz em um único tom.

Respeitar é uma prática de amor a si e ao outro. Nem sempre é uma tarefa fácil a prática, pois há pessoas extremamente difíceis de lidar, nada palatáveis. A aceitação a mudanças é um processo de abertura, é a ruptura entre o antes e o que se descortina. Toda aceitação deve ser submetida a uma avaliação das variantes, sua viabilidade. Quem respeita compreende o outro como sendo o outro, logo, acordar todas as manhãs com uma boa dose de bom humor, de paciência, de tolerância, de sinceridade, de perdão, de alegria, de empatia, de honestidade e amor no coração, não faz mal a ninguém. Comece se autorrespeitando, revendo seus conceitos. Um exercício com atitudes simples pode não mudar a sua vida, mas pode melhorar a de muitos. Não fique preso a busca por admiração e aplausos, apenas faça e deixe fluir o espetáculo antes que a cortina se feche, pois o verdadeiro aplauso está do outro lado onde nem ousamos imaginar. O barco ruma para o mesmo lugar, o fim.

 

Amarildo Clayton Godoi Brilhante é escritor e membro da Academia Araçatubense de Letras. 


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