27/05/2015

Televisão



Araçatuba, sexta-feira, 25 de maio de 2001

Amarildo Clayton Godoi Brilhante

Embora o avanço científico-tecnológico tenha contribuído para o bem-estar do homem, ele, em pleno século XXI, comporta-se como pigmeu quando se trata de moralidade.
A TV Tupi do Rio de Janeiro foi inaugurada oficialmente em 20 de janeiro de 1951. O primeiro beijo da TV "foi um beijinho insosso, de boca fechada", disse Walter Foster, ator. Consequentemente, inúmeras cartas de protestos chegavam à emissora dizendo que a "imoralidade ameaçava os lares brasileiros".
 
Talvez, naquela época, isso fosse amedrontador e destruidor para as famílias. E hoje, será que um beijinho insosso contentaria o telespectador? Que tipo de telespectador temos? O que adere aos 90% "lixo" que é prejudicial a nossas crianças que ainda não têm sua mentalidade formada? Ou o seletivo, que não entrega os pontos ao ibope acerca daquilo que é nocivo.

Existem muitos programas com ares de bons, porém, no seu bojo, ocultam muita coisa. Estamos entrando para última geração de letrados. Pessimista? Quiçá? Ocorreu-lhe que para assistir tevê não é necessário leitura, muito menos força-nos a pensar? Defender o retorno da censura seria tolice, e isso não é saudosismo.
Observe o que Rachel de Queiroz disse: "...Pena é que o nivelamento se tenha feito tão por baixo. Pois os padrões linguísticos impostos pela TV (...) nem sempre são aceitáveis e às vezes são chocantes. (O Estado de S. Paulo, 5 de abril de 1988).
 
O que seus olhos têm visto e seus ouvidos, ouvido? Balbúrdia, basta! Comportar-se tacitamente? Ser conivente? A princípio "todo poder emana do povo", porém, não me lembro de delegar poderes a ninguém para que a pornografia, prostituição, adultério, aborto, violência, homossexualismo, etc, adentrem em meu lar.
 
Alguém talvez pense que isso seja conservadorismo, purismo e tantos "ismos"; não é! É facilmente observável o domínio que a televisão provoca pelo seu exercido magnetismo. Ademais, causa uma dependência psicológica. As pessoas quando são privadas de assisti-la têm um sentimento de perda. Pesquisas já revelaram isso.
Quando a televisão surgiu, eram poucos aparelhos em São Paulo, apenas 200. No ano seguinte, saltou para 375, que eram colocados em pontos estratégicos, como Jockey Club, Praça da República...

Hoje, se não lhe preocupa o humanismo secular e existencialismo imposto sutilmente, cuidado! A vítima iminente pode ser seu filho, e tudo que você tem a fazer é esquecê-lo em frente à TV.
Acreditar piamente no potencial criativo do brasileiro é demasiadamente bom, mas vê-lo aplicado limpidamente sem apelos para palavras de baixo calão, mulheres nuas e seminuas, cuja finalidade é persuadir o consumidor para o consumo de seu produto, é algo execrável.

O padrão de família descrito por Michele Pierrot mudou muito, e o atual o que será?


Amarildo Clayton Godoi Brilhante, professor na Rede Pública de Ensino.

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